17 de agosto de 2006

Balanço da pré-época dos 3 grandes

Vou apresentar um balanço da pré-época dos três clubes de mais expressão em Portugal. Este trabalho será faseado, ou seja, será apresentado um clube de cada vez, de forma a não ficar um texto muito extenso e cansativo para os leitores. A apresentação será feita por ordem de início dos trabalhos dos clubes, sendo então primeiro o SL Benfica, seguindo-se o FC Porto e depois o Sporting CP

Benfica

O Benfica foi o primeiro clube a iniciar os trabalhos de preparação para a época 06/07, fruto da participação na 3ª pré-eliminatória da Liga dos Campeões. O local de estágio seleccionado pelos encarnados foi Nyon, na Suiça, um local que já tinha sido utilizado. O Benfica apresentou um novo treinador. Fernando Santos, conhecido como o “engenheiro do penta”, vai treinar o clube do seu coração, segundo o próprio. Logo que tomou conta da equipa, tentou implementar um sistema de jogo diferente do 4x2x3x1, utilizado durante a época passada por Ronald Koeman. A saída de Geovanni e a possível saída de Simão, e a entrada de Katsouranis e Rui Costa, no plantel encarnado, deixavam antever que Santos iria privilegiar o 4x4x2 que implementou no Sporting, tendo como alternativa o 4x3x3, pois Manu e Paulo Jorge, que são extremos de raiz, fazem parte do plantel encarnado. Só que, e a semelhança do que aconteceu com Koeman quando este tentou usar uma espécie de 3x4x3 no início da época transacta, esta ideologia de Fernando Santos não pegou e as coisas tiveram que ser alteradas à última da hora. Os primeiros jogos até nem correram mal, pois o Benfica começou logo a ganhar, 3-0 ao Nyon, naquele que foi o 1º jogo da equipa nesta temporada, disputado a 8 de Julho. Seguir-se-iam o Shakthar Donetsk, com mais uma vitória, e três dias depois a primeira derrota, ainda em solo suíço, por 3-2, frente ao Sion, no jogo de apresentação da equipa Suiça aos seus adeptos. Neste jogo, pôde-se constatar algumas fragilidades do sistema, pois Rui Costa ainda não estava na plenitude das suas capacidades e com Simão ainda ausente devido as férias pela participação no mundial, não havia quem pega-se no jogo e não existia criatividade. Já em Lisboa e no jogo de apresentação aos sócios o Benfica venceu e convenceu frente ao Bordéus, naquele que foi talvez o melhor jogo do Benfica nesta pré temporada. Mas o pior estava para vir. O primeiro torneio de verão a ser disputado foi o Torneio do Guadiana, com a participação de Benfica, Sporting e Deportivo da Corunha. O primeiro jogo dos encarnados foi frente ao Sporting, e acabariam por ser cilindrados pelos leões, por 3-0, com Yannick Djaló em grande destaque ao apontar dois golos aos encarnados. Estavam à mostra lacunas enormes no sistema táctico de Santos, se bem que os internacionais encarnados ainda estavam a meio gás. No segundo jogo do torneio mais uma derrota, desta vez apenas por 1-0 frente ao Corunha, e com mais uma fífia de Moretto, que acabaria por ser afastado, não só do onze, mas também das convocatórias dos jogos seguintes. No final deste jogo, Santos teve uma curta conversa com José Veiga, e a partir daqui as coisas mudaram, começando mesmo pela baliza encarnada. O Jogo seguinte seria em Atenas, frente ao AEK, antigo clube de Fernando Santos e de Katsouranis. Este jogo realizou-se fruto da transferência do grego, para a Luz. O Benfica apresentou uma equipa bastante diferente, novamente com Quim na baliza, mas iniciando o jogo no 4x4x2 em losango, com Rui Costa no vértice. Só que as coisas correram mal mais uma vez e a equipa apresentou uma apatia enorme, inconcebível para quem tinha um jogo importantíssimo 7 dias depois. O Benfica acabaria por perder o jogo por 3-1, e com este resultado o sistema de jogo mudou e Fernando Santos anunciou que utilizaria o 4x3x3, esquema de jogo que apresentou no primeiro jogo oficial da época, frente ao Áustria de Viena, jogo que acabaria empatado a uma bola, resultado que acaba por favorecer o Benfica, pois um golo fora vale muito em jogos a duas mãos, mas que não esconde a árduo trabalho que o engenheiro tem pela frente, pois a equipa não carbura, não joga, não corre, não há uma transposição defesa-ataque feita com rapidez, e o Benfica tem jogadores para isso, e acima de tudo são inúmeros os passes errados. O jogo da segunda mão é já na próxima 3ª Feira no Estádio da Luz, os encarnados partem em vantagem, mas têm que ter muito cuidado, pois os austríacos ainda têm uma palavra a dizer.

Positivo da pré-época.

O positivo da pré temporada encarnada, prende-se com o facto de ter mantido a maioria dos jogadores do plantel da época passada e ainda ter acrescentado alguns de boa qualidade. Rui Costa, sonho antigo, regressou ao Benfica e com ele trouxe mais experiência e maturidade a um conjunto que necessitava de uma referência a meio campo, alguém que soubesse ler o jogo e soubesse meter a bola, como só o Rui Costa sabe fazer. Embora tenha sido forçado a vender Manuel Fernandes, ao Portsmouth (!), em mais uma birrinha de um jogador que quer sair a qualquer custo do clube que o formou, é certo que as alternativas são bastante credíveis, e jogadores como Katsouranis e Diego Souza, deixam antever um bom preenchimento da posição ocupada pelo jovem médio, juntando-se a Petit e Beto neste sector. Uma das boas novidades foi o facto de ter conseguido manter Miccoli. Veiga e Vieira, jogaram com Calciocaos e com o facto de a Juventus poder descer de divisão, para manter o jogador nas mesmas condições da última época, aliando a isso a vontade de Miccoli em representar o Benfica, quando já se falava de um interesse azul e branco no jogador. Positiva é também a mudança na baliza encarnada. Não é que Moretto seja mau guarda-redes, mas neste momento não parece habilitado a defender as redes encarnadas e Santos foi da mesma opinião, promovendo o quase dispensado Quim, a titular indiscutível, pelo menos nesta primeira fase da época. Boa notícia para os benfiquistas é também a possível permanência de Simão no plantel, depois de gorada a hipótese do Valência contratar o jogador, devido a um desacordo de verbas entre clube e jogador. Será mais um jogador a acrescentar qualidade ao futebol encarnado e promove com mais afinco o 4x3x3 de Fernando Santos.

Negativo da pré-época

A parte negativa desta pré-época, é de facto o falhanço total do 4x4x2 que Fernando Santos tentou implementar. Hoje em dia é sabido, que um jogador de futebol não se pode limitar apenas à sua posição, podendo desempenhar outras funções dentro do terreno de jogo que não àquela a que está mais habituado, até por questões de desdobramento de sistema. Na ausência de extremos, pois só Paulo Jorge e Manu seriam opções credíveis para o técnico, e tendo Katsouranis, Petit, Karagounis, Diego, Nuno Assis e Rui Costa e ainda Beto, a ideologia de Santos tinha pernas para andar. O certo é que houve jogadores que não se adaptaram as posições, como Petit e Karagounis, que deveriam jogar mais sobre a direita e esquerda, respectivamente, esquecendo-se constantemente de ajudar os laterais, criando descompensações que foram fatais em alguns jogos. Numa posição um pouco ingrata para o treinador e também para os jogadores, Fernando Santos viu-se obrigado a alterar o sistema para 4x3x3 encima do primeiro jogo oficial da época, frente ao Áustria Viena, por forma a não hipotecar a participação na Liga dos Campeões. O treinador fica numa posição ingrata, pois vê-se obrigado a mudar uma ideologia que traz da altura em que treinou o Sporting, e usada na Grécia, e deixa uma leve impressão de não ter conseguido impor a sua vontade no grupo de trabalho, o que pode ser mau, se não for contrabalançado com alguma disciplina táctica no plantel. Os jogadores também ficam mal na foto, pois deixam a impressão de não serem abertos a novas ideologias e de poderem ser um pouco limitados em aspectos tácticos do futebol.
O negativo desta pré temporada encarnada, foi também a própria campanha, pois foi a pior dos últimos tempos, resumindo-se a 3 vitórias e 4 derrotas até ao primeiro jogo oficial, e algumas delas bem pesadas para um clube como o Benfica.

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