17 de fevereiro de 2006

Mercado de Inverno.

O mercado de transferencias para esta época na maior parte dos campeonatos europeus fechou. Fechou já a algum tempo, mais precisamente a 31 de Janeiro. Talvês se perguntem porque é que só agora falo no tema, mas pareceu-me oportuno faze-lo apenas agora, pois só agora alguns dos reforços de inverno devem estar a dar alguns frutos nos seus novos clubes.
Sim, só alguns frutos. É que ao contrário do que as pessoas possam pensar, o reforço de inverno não é um salvador. Não é o reforço de inverno que vai salvar a época. O reforço de inverno tem apenas uma obrigação: reforçar o plantel. Por isso mesmo é que é reforço. Este jogador, ou jogadores, vão apenas acrescentar alguma qualidade que pode eventualmente faltar ao plantel, e preencher algumas lacúnas em determinadas posições. Exemplo disso foi a politica de contratações do Benfica. O Benfica iniciou a época apenas com dois guarda-redes no plantel sénior e apenas um extremo de raiz: Simão. Todas as outras opções para as alas, eram adaptações que iam atingindo mais ou menos algum sucesso esporádico, casos de Geovanni, Nelson e João Pereira à direita, Léo à esquerda. Só que estas subidas de laterais obrigava a equipa a jogar com muitos defesas em campo. Chegaram a estar oito jogadores de cariz defensivo no onze inicial, quatro deles centrais. Na reabertura do mercado, essa situação foi resolvida, com a contratação de três extremos de raiz, Manduca, Robert e Marco Ferreira. A baliza foi outra das preocupações encarnadas durante a primeira volta. De uma só vez, Quim e Moreira, foram atirados para a mesa de operações, tendo como recurso, o júnior Rui Nereu, que até nem se saiu nada mal. A solução encontrada foi Moretto, guarda-redes do Vit. Setúbal e guardião menos batido da europa, à data. Mas não só. O Benfica contratou ainda Marcel para suprir a ausência de Mantorras na CAN, e não perdeu a oportunidade de fazer um bom negócio de futuro, garantindo José Fonte, para o eixo da defesa.
Mas não foi só o Benfica que se reforçou. Todos os clubes da I Liga contrataram pelo menos um novo jogador. O clube que mais contratou foi o Sp. Braga, com 7 novos jogadores, seguindo-se o Vit. Setubal com 6. Mas os motivos foram diferentes. O Braga supriu algumas carências fruto de lesões de jogadores e saídas de outros, enquanto o Setúbal, foi devido as rescisões de contratos, fruto da crise financeira que se vive no clube. De referir que a maior parte dos jogadores garantidos pelos sádinos são a titulo de empréstimo.
Já constatamos que os clubes se reforçam nesta época porque tem motivos para o fazer. A elaboração de um plantel tem duas fases importantes, o chamado defeso, durante o verão e altura em que se constroi o plantel em função dos objectivos estipulados para a época que se vai iniciar, e no mercado de inverno, para suprir carências que possam surgir.
Estas contratações podem ser divididas em dois grupos muitos importantes:
1º- Se os objectivos estão a ser atingidos, compra-se por lesão grave de um jogador (Moreira), uma contratação interessante que se venha a revelar um bom negócio no futuro (José Fonte), ou então o facto de os objectivos traçados estarem a ser superados, surgindo novas metas que necessitam de ajustes para se concretizarem.
2º- Uma má planificação da época e necessidade de reajustamentos profundos, ou então através de uma grande contratação, desviar as atenções dos problemas da equipa.
É frequente chegarem nesta altura, jogadores oriundos de outros países, mas tem sido muito frequente também, as transacções internas, fruto de uma quebra económica da grande maioria dos nossos clubes de futebol. E talvêz seja esta a melhor opção em termos de factores que condicionam a adaptação do reforço ao novo clube e ao novo estilo de trabalho. É que a maior parte de jogadores que chega nesta temporada, são jogadores que por qualquer motivo, não estavam a ser utilizados nos seus clubes, ou tinham poucas oportunidades de jogar. Assim se o jogador estiver já em Portugal, o jogador apenas terá que se adaptar a nível tactico, pois já tem alguns mecanismos implementádos, como a condição fisica em ordem, motivação em alta e sobretudo sem sobrecarga de jogos, mas isso tambem pode ser um aspecto nagativo, pois a falta de ritmo competitivo é enorme.
Por outro lado, as contratações feitas no estrangeiro, são realizadas maioritáriamente em paises sul americanos, nomeadamente no Brasil. Pode ser uma boa opção tambem, pois a reabertura do nosso mercado, coincide com o término da maior parte dos campeonatos realizados nesse país, o que dá ao jogador um grande ritmo competitivo, mas tambem tráz uma sobrecarga de jogos o que vai acabar em fadiga fisica, muito rápidamente, pois é preciso não esquecer que o nosso futebol é muito mais rápido e fisico que o brasileiro, o que pode terminar numa adaptação mais prolongada. Se as contratações forem realizadas noutros clubes europeus, em termos fisicos e competitivos, estão em pé de igualdade com os nossos jogadores, sendo a adaptação mais rápida, tendo apenas que limar algumas aréstas a nível de sistema de treino e fazer a adaptação ao novo preparador físico.
Mas o novo jogador tambem tem uma grande fatia a seu cargo, em termos de adaptação. Como já referi, estes jogadores são habitualmente vistos como solução magica para todos os problemas, mesmo por parte dos dirigentes, o que pode condicionar a sua aceitação no grupo de trabalho, que o vai ver como um inimigo, e poderá não ter uma boa recepção.
Assim sendo, o novo jogador nunca deverá dar um ar de superior, usando a humildade como trunfo, e a vontade de aprender com os mais antigos, ouvindo os seus concelhos e tentar aprender com eles. Nesta situação, os colegas tambem têm papel fundamental, devendo perceber que o reforço veio para ser mais um na procura de atingir os objectivos propostos e que estão todos a puxar para o mesmo lado, devendo nesse aspecto ajuda-lo a integrar-se rápidamente, trabalhando em conjunto para a procura de resultádos. O treinador tambem tem grande importancia nesse aspecto, nunca tratando o novo reforço acima dos restantes elementos do plantel, ou seja, deve ser tratado por igual, nem que seja a contratação mais cara do clube, criando metodos de trabalho e exercicios nos treinos, para que o novo jogador possa estar em permanente contacto com os restantes colegas, para aprender a cultura do grupo e manter o espirito de união existente.
É bastante habitual ver-mos os sócios e adeptos dos clubes exigirem tudo ao novo reforço. Isso condiciona em grande parte a adaptação do jogador, que pode inclusivé nunca demonstrar o seu real valor, e levar para outras paragens menos exigentes todo o seu potencial futebolistico.

Quadro de contatações de inverno, dos clubes portugueses. A negrito, os reforços que já se afirmaram no onze inicial, ou que já garantiram pontos aos novos clubes.


FC Porto: Andersson e Adriano
Sporting CP: Abel, Romagnoli, Caneira e Koke
SL Benfica: Manduca, Moretto, Robert, Marco Fereira, Marcel e José Fonte
Sp. Braga: Marinelli, Kim, Wender, Matheus, Frechaut, Wellington e Carlos Fernandes
Nacional: Marchant e Spadacio
Boavista: Oravec, Igor e Paulo Sousa
Vit. Setúbal: Helio Roque, Varela, Carlitos, Rubinho, Bachirou e Sandro
U. Leiria: Jaime, Hugo Costa e Hadson
Maritimo: Zé Carlos, Caico, Ali, Jardel, Willians
Estrela da Amadora: Bevacqua, N'daye, Andre Barreto e Frederico Nieto
Rio Ave: Anic
Académica: Serjão e N'doye
Belenenses: Dady e Rui Jorge
Paços de Ferreira: Júnior Bahia, José Fonte, João Paulo e Romeu
Gil Vicente: Mateus, João Pereira, João Vilela e Rivan
Naval: Franco, Pedro Santos, Tiago, Jacques e Di Pietro
Vit. Guimarães: Antchouet, Vitor Moreno, Paíto, Wesley e Octacilio
Penafiel: Juninho Petrolina, Dill e Yan.

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