E a bola voltou a rolar no Estádio do Dragão. Após o estágio em terras holandesas, o FC Porto regressou ao convívio com os seus adeptos e ganhou aos franceses do Mónaco por 2 - 1, em jogo de apresentação da sua equipa para a temporada que agora se inicia. Fui um dos 36.911 espectadores presentes, naquela que significou a minha primeira oportunidade de ver em acção os jogadores contratados, dado que não tinha acompanhado nenhum dos anteriores encontros desta pré-época. O jogo não foi brilhante mas deu para entreter - como diria Quinito - e uma vitória depois de uma derrota é sempre importante.
Jesualdo Ferreira apresentou o seu 4-3-3 habitual e manteve-o durante toda a partida. Com a permanência de Quaresma no clube, fica claro que este será o sistema primordial, embora o vasto leque de soluções permita derivações para o 4-4-2. Os 'dragões' foram melhores que o Mónaco, dominaram durante mais tempo, jogaram quase sempre mais perto da baliza monegasca do que o inverso e o resultado acaba por ser normal e justo, face ao decorrido dentro das quatro linhas.
No primeiro tempo, em que o guardião Nuno foi o único dos reforços em campo, o futebol portista foi naturalmente mais ligado, mais entrosado, com maior número de combinações atacantes e um envolvimento colectivo mais apurado. Os extremos Lisandro e Quaresma foram os homens mais em foco, tendo sido solicitados imensas vezes, resultado de um carrilamento do jogo azul e branco invariavelmente sobre as faixas laterais. Bosingwa também esteve muitíssimo bem em todo o corredor direito, o que já não é grande novidade. Mas as oportunidades não foram muitas e o golo acabou por resultar de um lance de bola parada: cruzamento de Quaresma, cabeça de Lisandro e o guarda-redes Roma batido pela primeira vez. Primeira explosão de alegria no Dragão, já que mesmo sendo a feijões, todos gostam de ganhar.
Com a segunda parte, surgiram as novidades, aqueles jogadores que toda a gente queria vislumbrar e começar a ter uma ideia a seu respeito, para além obviamente dos golos de Postiga (de grande penalidade) e do monegasco Pino. Edgar foi o único disponível que não chegou a ser utilizado. De resto, foi possível ver Bolatti, Kazmierczak, Lino, Luís Aguiar e Fernando, em estreia absoluta no Dragão. Como primeiras impressões poderei dizer, acerca de cada um, o seguinte:
- Bolatti: gostei do que vi, foi o melhor de todos os novos recrutas. Imponente fisicamente, o argentino é daqueles que assume o princípio das jogadas de ataque, com um futebol simples, preciso e de poucos toques. Não inventa um milímetro e é rápido a desfazer-se da bola. Efectuou um remate de fora da área (à figura de Roma) e ganhou uma bola de cabeça num lance de bola parada (por cima da trave). Sendo certo que só caberá um no onze, lutará com Paulo Assunção por uma vaga, podendo a escolha depender do adversário e do tipo de jogo que se pretende. O brasileiro, mais técnico, utiliza mais a condução de bola, ao passo que Bolatti toca mais de primeira. Ambos são tacticamente adultos. Prevejo uma concorrência apertada e uma alternância na titularidade, assim Jesualdo Ferreira proceda a uma gestão inteligente destas duas peças. Talvez Bolatti nos jogos fora de casa teoricamente mais complicados, talvez Assunção nos desafios em casa à partida mais acessíveis.
- Kazmierczak: não há volta a dar, sou um apreciador assumido do gigante polaco. É um executante de futebol rectilíneo, que raramente progride com a bola nos pés, prefere jogar ao primeiro/segundo toque e fá-lo quase sempre de forma correcta. Pode até alegar-se que é lento, mas a sua impressionante compleição física poderá ser importante em vários jogos, na disputa de bola a meio-campo, nos lances aéreos na sua e na área adversária, nos remates de longa distância, na simplificação dos processos de jogo, etc. O que disse em relação a Bolatti e Assunção, aplica-se também a Kazmierczak e Raúl Meireles.
- Lino: este brasileiro foi uma autêntica desilusão. Muito nervoso, acusou claramente a pressão de actuar perante cenário tão iluminado. Acumulou erros sucessivos, entre perdas de bola e deficiente cobertura defensiva. Não me agradou a sua contratação e neste jogo reforcei essa ideia. Para o posto de lateral-esquerdo, adivinha-se uma luta a dois entre... Cech e Fucile!
- Luís Aguiar: Teve períodos de bastante intervenção na manobra ofensiva e mostrou bons pormenores. Viu-se que é possuidor de boa capacidade técnica, algo essencial para quem joga como armador de jogo. É um jovem com talento e deve continuar a ser seguido com atenção. Pela amostra, gostei.
- Fernando: entrou para o centro da defesa substituindo Pedro Emanuel. Parece ter bom toque de bola e ser um jogador rápido, mas no pouco tempo que teve para se mostrar, não deu para ver grande coisa. E eu confesso que ainda não sei qual a sua posição de raíz. Deverá ser emprestado a um clube com menores ambições.
Para a história fica a constituição do FC Porto e respectivas substituições: Nuno (Paulo Ribeiro 46'); Bosingwa (Tarik 83'), João Paulo, Pedro Emanuel (Fernando 69'), Cech (Lino 46'); Paulo Assunção (Bolatti 46'), Raúl Meireles (Kazmierczak 46'), Jorginho (Luís Aguiar 46'); Lisandro (Rentería 83'), Adriano (Postiga 46'), Quaresma.
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