25 de julho de 2014

Rúben Pedrosa - "O futebol em Portugal está podre"

Rúben Pedrosa, extremo que se notabilizou ao serviço do Canidelo e Perafita na época anterior, está de malas aviadas para o Luxemburgo, onde irá representar o US Esch, clube da terceira divisão luxemburguesa. 
O 'A Bola é Redonda' falou com o atleta, que explicou os motivos que levaram ao insucesso do Perafita no Campeonato Nacional de Seniores. Falta de experiência, arbitragens e, inclusive, ordenados em atraso, são os motivos apontados pelo atacante. 
Com escola feita no Coimbrões, Boavista e Gondomar, Rúben Pedrosa já representou o Canidelo, Leça e Perafita no futebol sénior e com 22 anos, o extremo não pensa regressar ao futebol português, uma vez que se quer afirmar no Luxemburgo.
Veja de seguida a entrevista com o jogador em mais um exclusivo do 'A Bola é Redonda'

Rúben Pedrosa representou o Perafita na segunda metade da época 2013/2014

A Bola é Redonda (ABR) - Começaste a época no Canidelo, na Divisão de Honra da AF Porto e terminaste no Perafita, no Campeonato Nacional de Seniores. Como se processou esse salto? 

Rúben Pedrosa (RP) - Esse salto aconteceu em Dezembro através de um telefonema do mister Óscar Nogueira, nessa altura estava numa boa fase no Canidelo onde vinha de 3 jogos seguidos a marcar, quando surgiu a possibilidade de jogar CNS não hesitei pois achei que seria uma boa oportunidade para mim.

ABR - O Perafita acabou por não conseguir a manutenção no CNS e desceu aos distritais. Que falhou para que o objectivo não fosse atingido? 

RP - Basicamente o objectivo da manutenção não foi conseguido derivado a alguns factores importantes, tais como a troca de treinador que te obriga a novos métodos e a outro estilo de jogo, que só com os jogos vais aperfeiçoando, só que fazer essa mudança num CNS numa série bastante exigente é muito complicado e nós sentimos isso. Depois como em maior parte dos clubes, promessas que não eram cumpridas por parte da direcção, os jogadores sabem que os clubes passam enormes dificuldades para conseguirem cumprir o que foi combinado, mas quando chegas a certo momento e tens 3 meses de ordenados em atraso e tentas falar com os responsáveis para te pagarem e és recebido como se tivesses a pedir algo que não é teu por direito, tudo isto num momento em que a manutenção era possível e a equipa atravessava um momento de união e a praticar bom futebol. Para acabar, sem dúvida nenhuma o peso do clube e a sua mentalidade, para todos os efeitos o Perafita era um estreante na 2ª divisão B, e quando tens clubes na tua série como Boavista, Salgueiros, Freamunde, Gondomar entre outros, é óbvio que na dúvida o árbitro vai cair sempre para o outro lado e isso foi evidente ao longo dos jogos, mas mais vincadamente em jogos contra adversários directos, lembro-me por exemplo de 2 jogos contra o Sousense em que fomos gravemente penalizados, tendo tido pelo menos 2 expulsões e num deles acabamos inclusive a jogar com 8 jogadores.

Canidelo foi a primeira
experiência no futebol
sénior
ABR - Sei que vais iniciar uma nova aventura, no US Esch do Luxemburgo. Como surgiu esta possibilidade de emigrares para este campeonato?

RP - Bem a minha ideia ao vir para o Luxemburgo foi principalmente tentar ter outro nível de vida, arranj
ando trabalho e se possível continuar a minha carreira futebolística. Primeiramente estava tudo encaminhado para assinar numa equipa da 1ª divisão Luxemburguesa, mas com a descida dessa mesma equipa e saída do seu treinador e do director desportivo essa hipótese ficou de lado, depois fui á experiência a mais dois clubes tendo um deles apresentado uma proposta, que eu iria aceitar, só que nesse momento ainda não o podia fazer pois tinha problemas burocráticos para resolver, no meio disto, vou fazer um torneio no Estádio do US Esch, e sou abordado por esse mesmo clube, depois foi só juntar tudo, um projecto ambicioso, pessoas sérias e que demonstraram real interesse em mim o que me levou a aceitar quase de imediato.

ABR - Já conheces as instalações e o clube? Podes falar um pouco sobre elas?

RP - A pré-época começou há duas semanas, as instalações não são o top mas tem o necessário, o piso é sintético e é muito bom mesmo, tem inclusive aprovação da FIFA. Tem quatro ou cinco balneários, e tem um espaço com máquinas de fitness.

ABR - Quais são os objectivos do clube?
US Esch é o novo destino do atacante

RP - O clube já há três épocas consecutivas que fica na luta da subida não conseguindo no entanto esse objectivo. Por exemplo na última época não conseguiram a subida por um ponto. Este ano o pensamento é claramente na subida, tenho colegas que conheci e jogam em outras equipas que dizem que temos o melhor plantel da divisão, agora é formar uma boa equipa e penso que conseguiremos atingir esse objectivo.

ABR - Que expectativas tens para esta aventura?

RP - Bem acima de tudo quero demonstrar em campo a minha gratidão pela oportunidade dada, se possível com a subida de divisão. Óbvio que espero fazer golos, e voltar a sentir a felicidade de ir treinar e jogar, coisa que em Portugal aos poucos vinha perdendo. No futuro espero poder chegar ao topo do futebol Luxemburguês e quem sabe poder participar num jogo da Liga Europa por exemplo.

ABR - Esperas regressar ao futebol português?

RP - Sinceramente já não tenho grandes expectativas de voltar a jogar em Portugal, o futebol em Portugal está podre, as divisões profissionais estão contaminadas pelos empresários, e para lá chegar não basta ter qualidade, o jogador português fica quase sempre para última opção. No nosso país tenho a certeza que dificilmente iria passar da 2ª divisão B, por isso o meu objectivo no futuro é como referi na questão anterior.

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