Tal como prometido, o 'Entrevista Com' desta semana é com Carlos Machado, treinador que conseguiu brilhantemente levar os juniores do Canidelo a disputar o Campeonato Nacional da 2ª Divisão da categoria, juntando-se assim ao Candal, que também irá disputar essa competição.
Pode-se dizer acerca de Carlos Machado, que o técnico encarna o Canidelo na perfeição, visto que está no clube desde que iniciou a sua carreira futebolistica, na época 1988/89, percorrendo todos os escalões de formação do clube. Já como sénior, apenas representou o Canidelo, sendo que aos 31 anos deixou os relvados para se dedicar às tácticas, sendo adjunto de José Amarante quando este veio substituir Rui Amorim, na temporada de 2008/2009. Depois disse, fez parte também da equipa técnica de Lé Santos acompanhando o técnico nas épocas 2009/2010 e 2010/2011, sendo treinador principal em duas partidas, na disputa do título de Campeão da 1ª Distrital, frente aos Dragões Sandinenses. Paralelamente, orientou a equipa de juniores na Taça Acácio Lello, cargo que manteve esta época, alcançando agora uma inédita subida aos campeonatos nacionais.
Em mais um exclusivo do 'A Bola é Redonda', aqui fica a entrevista com Carlos Machado:
Carlos Machado (ao centro) e todo o Staff técnico que levou o Canidelo à subida aos Nacionais em Juniores |
A Bola é Redonda (ABR) - Mister, o Canidelo conseguiu subir à 2ª Nacional. Era objectivo da equipa subir?
Carlos Machado (CM) - Pela parte da direcção, no principio da época, não nos foi pedido a subida, mas depois de no ano anterior a equipa ter ficado a dois pontos de disputar a fase final, nós sabíamos que a pressão iria ser grande. Sabíamos que mesmo sem nos pedirem directamente a vontade era essa. Mas sem deixar transparecer essa pressão para os atletas, sempre lhes disse que o nosso objectivo era ganhar jogo a jogo sem pensar na subida de divisão. O pedido por parte da direcção só chegou depois de uma fase menos boa em que averbamos duas derrotas seguidas. E a partir daí, continuamos a fazer um campeonato brilhante, onde mantivemos desde a 6ª jornada o segundo lugar que nos garantia o acesso à fase final, o que garantimos a três jornadas do fim.
ABR - Há três épocas a equipa lutou para não descer, mas depois conseguiu reinventar-se e o ano passado quase conseguiu o acesso ao playoff de Apuramento de Campeão. O que mudou para este ano?
CM - Sobre o ano passado não posso falar porque não fiz parte do grupo. Nas camadas jovens os grupos são alterados todos os anos, com as subidas naturais dos atletas devido à idade, e muita coisa pode mudar. Mas penso que, essencialmente, o que mudou foi todo um staff técnico com novas ideias e juntamente com todos os atletas, formamos um grupo muito forte e unido que disputava cada jogo para ganhar e com uma ambição muito grande de triunfar.
ABR - Num campeonato disputado com as denominadas 'Equipas B' de clubes como Rio Ave, Leixões ou Padroense, quais foram as maiores dificuldades que sentiram ao longo da época?
CM - Eu penso que este campeonato é muito competitivo e as dificuldades são criadas por todas as equipas em cada jogo. Basta ver a classificação final para verificar essa competitividade, em que do 3º para o 13º classificado só houve uma diferença de 16 pontos, o que eu considero muito pouco em 30 jornadas. As maiores dificuldades que as "equipas B" poderiam trazer, era incluírem jogadores provenientes do Campeonato Nacional com outra qualidade que dificultariam e tornariam, apesar de ser normal, menos correcto o campeonato.
Plantel do Canidelo que subiu à 2ª Nacional de Juniores |
ABR - Houve alguma altura, durante a primeira fase do campeonato, em que duvidassem da conquista de um lugar nos dois primeiros classificados, apesar de terem estado sempre entre os três primeiros lugares da tabela classificativa?
CM - Nós sabíamos que não iria ser fácil atingir o apuramento, mas conforme o campeonato ia avançando, e apesar de alguns jogos menos conseguidos, fomos acreditando que com maior ou menor dificuldade iríamos alcançar pelo menos o apuramento para a fase final.
ABR - A fase de Apuramento de Campeão foi renhida e três equipas acabaram com oito pontos. Estiveram sempre confiantes em conseguir, já nesta fase, o objectivo de chegar aos Nacionais?
CM - Depois de atingirmos a fase final e com a impossibilidade de subida do Leixões, sabíamos que era uma luta a três para dois lugares, o que nos dava ainda mais confiança. Começamos muito bem a fase final e fomos alcançar uma vitória no Tirsense, e depois de um empate que não estava nos planos, em casa, com o Desp. Aves e uma derrota com o Leixões, recebemos em casa o Tirsense que em caso de uma vitoria nossa nos garantia matematicamente a subida ao Nacional. O jogo não nos correu bem e perdemos e a subida, apesar de não estar perdida, ficou mais complicada, mas nunca perdemos a confiança.
Sempre irrequieto no banco |
ABR - Entrando já na próxima temporada, uma questão que se impõe. Carlos Machado será o treinador na próxima época?
CM - Sim. Continuarei a ser o treinador na próxima época.
ABR - Sabendo que a equipa perderá jogadores por terem atingido a idade de sénior, o que espera da próxima temporada numa nova realidade?
CM - Espero um ano de aprendizagem numa nova realidade. Teremos e já estamos a trabalhar para formar uma equipa competitiva e ambiciosa. É uma experiência totalmente nova, à qual o clube não está habituado, mas com a ajuda de todos iremos com certeza fazer um bom campeonato.
Carlos Machado treinou os séniores nos jogos com os Dragões Sandinenses |
ABR - Até há bem pouco tempo, apenas o Candal tinha equipas nos campeonatos nacionais das três principais categorias. Agora o Canidelo também coloca uma equipa neste patamar. O que está a mudar na formação do clube?
CM - O clube vai-se adaptando á evolução do futebol. Tem bons treinadores, jovens e ambiciosos, e penso que com a subida ao Nacional dos juniores, será ainda mais aliciante para os jovens que normalmente preteriam o Canidelo, por outros clubes que estivessem a disputar Campeonatos Nacionais.
ABR - Será possível vermos o Canidelo, a curto-médio prazo, a lutar por um lugar na 1ª Divisão Nacional do escalão?
CM - Penso que ainda é cedo para abordarmos este tema. Vai ser a primeira vez que o clube estará presente num Campeonato Nacional, e tudo será uma experiência nova com que terá que aprender a lidar. Será um ano de aprendizagem.
ABR - Por último, gostava que deixasse uma mensagem aos adeptos do Canidelo, bem como a todos os jovens que sonham jogar futebol e também para os leitores do blog.
CM - Para os adeptos do Canidelo, quero expressar a minha gratidão pelo apoio que que nos deram em todos os jogos, e pedir-lhes que nos continuem a apoiar neste ano tão importante para o clube. Aproveitava para agradecer a todo o meu Staff Técnico, José Manuel Oliveira, Alfredo Matos, André Carvalho, Tiago Botelho, João Oliveira e André Maia, que tanto me ajudaram, à minha Família que por causa do futebol tantas vezes foi prejudicada, a todos os pais que colaboraram connosco durante toda a época e à direcção.
Aos jovens que sonham jogar futebol, eu digo-lhes para nunca desistirem de sonhar, mas que sonhar não chega, é preciso se empenharem e trabalhar sempre no máximo para alcançarem os objectivos. Sejam ambiciosos mas humildes. A todos os leitores do blog desejo as maiores felicidades.
No final, a festa e a união do grupo ficaram bem patentes |
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