Esta final entre franceses e italianos foi aquilo que se esperava. Um jogo um tanto ao quanto parado, mas de vez em quando mexido.
Lippi fez alinhar Buffon, Zambrotta, Materazzi, Cannavaro e Grosso na defesa, o meio campo foi constituído por Gattuso, Pirlo e Perrotta, Totti Camoranesi e Luca Toni na frente de ataque. Domenech repetiu os onze que jogaram frente a Portugal: Barthez, Sagnol, Thuram, Gallas e Abidal, Makelelé, Vieira e Zidane, Ribery, Malouda e Henry.
A França entrou praticamente a ganhar. Aos 7 minutos de jogo, Malouda fugia pela esquerda, ganhando posição já dentro da área para alvejar a baliza de Buffon, quando Materazzi derruba o avançado. Horácio Eliozondo, o árbitro nomeado para dirigir esta final, não teve dúvidas e apontou para a marca da grande penalidade. Zidane, chamado a converter, marcou em jeito, a bola subiu um pouco de mais, embateu na barra, mas acabaria por bater para lá da linha de golo, embora depois tivesse saído da baliza. Estava feito assim o primeiro golo do jogo, o que de certa forma poderia dar mais algum interesse, uma vez que agora os italianos teriam que abordar de maneira diferente, os cerca de 80 minutos que ainda lhes restava.
Os italianos correram então atrás do prejuízo e tiveram uma oportunidade flagrante, quando Toni envia a bola à barra da baliza de Barthez. Aos 19 minutos de jogo, chegaria então o golo italiano: canto apontado por Pirlo, para o centro da área, onde Materazzi subiu mais que Vieira e cabeceou para o fundo das redes. No entanto parece que o defesa azzuri se apoia no jogador francês. Eliozondo nada assinalou.
A partir daqui, ambas as equipas jogaram para as grandes penalidades. O jogo caiu nalguma monotonia, fruto do grande rigor táctico existente, sem nenhuma das equipas a arriscar o que quer que fosse. É certo que se disputava um título mundial, e que é necessário ter algumas cautelas, mas também não era necessário enrolar o jogo. O intervalo chegou sem que nenhuma oportunidade flagrante de golo fosse criada.
No segundo tempo, mais do mesmo. Embora a França tivesse entrado mais pressionante, e tivesse tido algumas boas oportunidades de desfeitear Buffon, o certo é que com o passar do tempo, essa pressão deixou de ser exercida e passou a ser mais contenção. No entanto, os italianos, ao seu estilo matreiro, nada fizeram para alterar o rumo dos acontecimentos. Uma das poucas situações de perigo, foi criada precisamente pelos italianos, quando na sequência da marcação de um livre, Toni introduz o esférico no fundo da baliza gaulesa. No entanto, o fiscal de linha já tinha anulado o lance por fora de jogo do avançado da Fiorentina. Na repetição pode-se verificar que não é Toni que está em posição irregular, mas sim De Rossi, o que pode ter confundido o auxiliar.
Até ao fim pouco ou nada se passou, com ambos os bancos a efectuarem as alterações necessárias com vista a mais meia hora de jogo e, quem sabe, definir a vencedor por penaltis.
Já no prolongamento, a melhor oportunidade pertenceu aos franceses. Sagnol efectuou um excelente cruzamento, que encontrou a cabeça de Zidane sem oposição no centro da área. O francês cabeceou para Buffon efectuar a defesa da noite.
Este prolongamento e esta final ficam marcados pela expulsão de Zidane. O francês foi expulso apos agredir Materazzi com uma cabeçada no peito, faltavam cerca de 10 minutos para o fim do período extra. Tudo aconteceu na sequência de um canto favorável aos franceses. O central tentou segurar o médio francês, este não gostou e terá iniciado uma troca de palavras, que culminou com o acto irreflectido de um jogador que tem fama de pacifista. Eliozondo foi alertado pelo seu auxiliar, tendo exibido a cartolina vermelha ao jogador, que efectuava o ultimo jogo de uma carreira recheada de títulos e sucesso.
O jogo foi assim para os pontapés da marca de grande penalidade, situação que era completamente desfavorável aos transalpinos, que nunca tinham vencido um jogo que tivesse que ser desempatado desta forma. Desta feita a tradição quebrou-se e com 100% de eficácia, pois alem de ter vencido, a Itália não falhou nenhum penalti, tendo apontado os 5 da primeira série. Para os franceses, Trezeguet falhou a sua grande penalidade, e permitiu a festa azzuri, no relvado do Olímpico de Berlim.
O Melhor do jogo
Aqui destaco a Itália, pois venceu o jogo e consequentemente o Mundial, alcançando assim o tão almejado tetra. Neste momento os italianos estão atrás do Brasil, que detêm cinco títulos mundiais, sucedendo-lhe.
O Pior do jogo
Nunca esperaria ter que colocar Zidane nesta zona da minha análise. Mas não me resta outra hipótese, pois a atitude irreflectida que teve ao investir de cabeça contra Materazzi, sem nenhum motivo aparente, e mesmo que o tivesse, nada justificava este acto, não deixa margem para dúvidas. Manchou uma carreira recheada de sucesso e títulos pelos clubes por onde passou, nomeadamente pela Juventus e pelo Real Madrid. Em dia de despedida dos relvados, Zidane demonstrou não estar a altura do grande jogador que é, deixando os relvados pela porta pequena. É uma pena, ele que até tinha tudo para ser considerado como o melhor jogador em campo, fruto de mais uma boa exibição durante os minutos que esteve em campo.
O Árbitro
Já tinha dito aqui, nomeadamente depois do jogo Inglaterra-Portugal, que este árbitro estava a ser um dos melhores do torneio. Com justiça foi-lhe atribuída a final, e logo a primeira vez que apita numa competição desta envergadura. Sempre muito sóbrio na condução dos lances, não teve nenhuma influência no resultado e esteve bem no lance que deu origem à grande penalidade sobre Malouda. Embora Materazzi vá de perna encolhida, o certo é que derruba o avançado gaulês, quando este se preparava para alvejar a baliza transalpina. Não se inibiu nem se desorientou no lance que ditou a expulsão de Zidane, tomando uma atitude pedagógica depois de ter consultado o seu auxiliar, ao explicar o porquê do cartão vermelho ao jogador francês. Um arbitro ao nível de uma final de uma competição como esta.
Sem comentários:
Enviar um comentário