29 de abril de 2007

SL Benfica 1-0 Sorting CP (Época 04/05)

Hoje é o dia do Grande Derby, o Derby eterno, o jogo que desde 1907 tem chamado a sí o protagonismo de épocas e épocas. O Benfica-Sporting ou Sporting-Benfica é mais que um jogo de futebol. É a identificação de duas facções da cidade lisboeta. Desde os primordios, que os clubes têm raizes diferentes. O Sporting mais ligado as altas patentes da cidade, ao dinheiro, basta ver que a sua fundação foi baseada no dinheiro do avô de José Alvalade, o Visconde de Alvalade. O Benfica, esse, teve sempre raizes mais trabalhadoras e de sacrifício. basta ver os problemas iníciais, com grande dificuldade em ter um campo próprio, na fuga de jogadores por falta de condições, na quase falência, com ainda pouco tempo de existência.

Luisão, após o golo ao Sporting


Durante esta semana, apresentei os jogos entre os dois clubes, que mais importância e relevância para o futebol português tiveram. Não foram escolhidos por acaso, mas foram escolhidos, porque practicamente todos decidiram alguma coisa em termos de títulos. E mais ficaram por ser mencionados. Como não podería deixar de ser, o último jogo que vai ser apresentado, é mais um jogo decisívo na carreira de ambos os clubes. A época é a de 04/05, a jornada a 33ª mais uma vêz. Este jogo atingiu proporções vitais para ambos os clubes, pois tanto Benfica como Sporting tinha hipoteses de ainda chegar ao título. Ao Benfica só a vitória interessava, pois em caso de igualdade pontual, a vantagem era favorável ao Sporting no confronto directo. Ao Sporting só a derrota o afastava do título, e a equipa estava super moralizada, pois dias depois disputaría a final da Taça UEFA no seu estádio.
Á entrada para a 33ª jornada, as equipas partíam empatadas em pontos, fruto da derrota do Benfica em Penafiel e da vitória do Sporting em casa, frente ao Vit. Guimarães. Um dos possíveis beneficiados do resultado deste jogo era o FC Porto, que esperava um empate entre ambos, para na última jornada ainda acalentar esperanças de ser campeão. Um empate, como já disse, tirava quase todas as aspirações ao Benfica, pois necessitava que o Sporting perde-se no último jogo, na recepção ao Nacional.
O jogo começou com cautelas de ambos os lados, mas mais do lado do Benfica. Trapattoni, ao seu estilo, escalou a equipa em 4x2x3x1. José Peseiro usou o seu clássico 4x4x2 em losango, que tão bem tinha funcionado em grande parte da época. O Benfica dispôs de excelentes oportunidades de golo, com Simão a falhar amais flagrante, logo no início do segundo tempo, ao surgir isolado frente a Ricardo, mas a atirar ao lado. O Benfica mostrou sempre mais vontade de vencer a partida, até porque era mesmo necessário, pois só assim seríam atingidos os objectivos da época. Mas o nulo teimou em manter-se até perto do final da partida. Ao minuto 84, Petit bate uma falta. Quando toda a gente esperava que o lívre fôsse batido directo, embora a bola estivesse um pouco descaída para a esquerda do ataque encarnado, o médio marcou a falta para o meio da área, com a cabeça de Luisão a chegar onde as mãos de Ricardo não conseguiram, empurrando assim a bola para o fundo das redes do Sporting. Grande explosão de alegria nas bancadas, no terreno de jogo, nas ruas, por todo o lado. O jogo terminou pouco depois, com os jogadores do Sporting inconformados desde o lance do golo, onde pedíam falta sobre o guardião. Ricardo inclusivé, diz ao árbitro que Luisão marcou o golo com a mão, tal era o desespero dos jogadores, pois sabíam o que sgnificava a derrota. Mas nada feito. O golo valeu e o Benfica venceu e logo alí, começou a festa da conquista do título, que se confirmaría uma semana depois com o empate no Bessa, diante do Boavista, resultado mais que suficiente para alcançar a tão almejado título que fugia desde 93/94. Ainda assim foi necessário esperar até ao minuto 90, altura em que a Académica marcou o golo da igualdade no Dragão, para se ter a certeza de que o título não mudava de estádio. Mais uma vez tudo se decidiu no Benfica-Sporting da jornada anterior. Assim como o jogo de hoje toma as proporções de decisão para o segundo posto, lugar de acesso directo á Champions League. Uma derrota afasta practicamente o Benfica desse objectivo. Um empate deixa tudo na mesma, mas com ligeira vantegem leonina. Uma vitória do Benfica nada decide, mas dá um grande passo rumo a essa decisão. Enfim, mais um clássico de grandes emoções, ao nível dos aqui apresentados durante a semana. Espero sinceramente que tenha sido do vosso agrado e que tenha contribuido para mais um pouco de sabedoria dos meandros que envolvem o Grande Derby, o Derby Eterno.

Para a história, ficam aqui as equipas que alinharam nesse jogo:

SL Benfica: Quim, Miguel, Ricardo Rocha, Luisão e Dos Santos, Petit, Manuel e Fernandes, Geovanni, Simão e Nuno Assis, Nuno Gomes.
Treinador: Giovanni Trapattoni. Jogaram ainda: Mantorras, João Pereira e Alcides.

Sporting CP: Ricardo, Miguel García, Polga, Beto e Rui Jorge, Rochemback, Custódio, João Moutinho e Pedro Barbosa, Sá Pinto e Douala.
Treinador: José Peseiro. Jogaram ainda: Pinilla, Hugo Viana e Tello.

Fica aqui também um vídeo, com o golo do jogo:





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