Pedro Farinha repudia actos de violencia enquanto Rui Caldeira desmente Isidro

O 'A Bola é Redonda' falou com os presidentes de Candal e Oliveira do Douro, sobre os acontecimentos que mancharam o dérbi do passado domingo, quando já nos minutos finais da partida e depois da expulsão do capitão candalense Ferraz, os jogadores das duas equipas envolveram-se em cenas de pancadaria, que rapidamente se estenderam à zona por trás do banco dos oliveirenses e que resultou nas idas de Isidro e Hugo Figueiredo para o Hospital Santos Silva, a fim de serem observados. Se quanto a Hugo Figueiredo a gravidade não foi elevada, já Isidro, que desmaiou ainda no relvado sintético do Rei Ramiro, foi-lhe diagnosticado um traumatismo craniano, fruto das agressões de que o jogador diz ter sido alvo, por via de ter sido agarrado por um director da equipa da casa, no caso Francisco Aires, sendo encostado às grades que separam a bancada do relvado.

Pedro Farinha, presidente do Oliveira do Douro, repudiou os actos de violência verificados no estádio, ressalvando o comportamento da direcção do Candal e do enfermeiro da equipa da casa, pela pronta assistência a Isidro, quando este se encontrava no chão: "Em primeiro lugar quero registar a forma correcta e cordial com que fomos recebidos no inicio do jogo por parte do Candal, na pessoa do Sr. Martins, director do futebol sénior, bem como o Sr. Presidente do Candal Rui Caldeira de quem sou amigo e que sempre se preocupou para que tudo corresse bem no acolhimento de toda a nossa comitiva. Relativamente aos acontecimentos verificados, lamento e condeno tais actos bárbaros verificados nos minutos finais da partida, pois não há nada que justifique tal situação, bem como o Oliveira do Douro não se revê e repudia tais actos contrários a ética e verdade desportiva. Lembro que tanto o Candal bem como o Oliveira do Douro são duas das instituições mais representativas do concelho e isto nada abona à sua imagem, na representação quer dos seus clubes quer do concelho de Vila Nova de Gaia", começou por referir o presidente oliveirense, abordando o momento em que tudo começou. "Lamento ainda o facto do atleta e capitão do Candal, Ferraz, que inclusive já foi nosso atleta, tenha tido tal atitude irreflectida ao nosso jogador Hugo Figueiredo e ao respectivo árbitro, pois tenho-o como um excelente desportista e um homem de grande carácter, pois ao serviço do Oliveira do Douro foi sempre um exemplo quer como atleta quer como homem". Pedro Farinha lamenta ainda a acção do director do Candal que alegadamente segurou Isidro junto da grade de separação das bancadas do sintético para que este fosse agredido: "Lamento ainda saber que um elemento ligado a direcção do Candal e que não deveria estar na zona restrita aos elementos constantes da ficha do jogo tenha invadido o campo e como se não bastasse, e segundo o nosso jogador Isidro tenha relatado e identificado o elemento já ontem no hospital, o tenha agarrado e o imobilizado junto as grades de protecção da bancada aonde se encontravam vários sócios da equipa da casa, que instigados pelo respectivo dirigente, perpetraram vários socos e pontapés ao nosso atleta tendo o mesmo vindo a cair dentro do relvado inconsciente e tendo que receber tratamento hospitalar", disse, ressalvando a actuação do enfermeiro candalense: "Deixo ainda aqui um bem haja e uma palavra de agradecimento ao Sr. Enfermeiro da equipa da casa pelo facto de prontamente ter assistido o nosso atleta nos cuidados primários enquanto aguardávamos pela chegada do INEM, bem como ao Sr. Martins todo o apoio e sentido de responsabilidade no que toca a nossa segurança". Pedro Farinha espera ainda que as instâncias responsáveis tomem as medidas necessárias para que seja reposta a verdade desportiva: "Em primeiro lugar espero que se faça justiça em relação aos agressores e instigadores de tal acto bárbaro, feito ao nosso jogador Isidro. Quanto aos factos do jogo e tudo aquilo que originou todos os problemas verificados nos minutos finais da partida deixarei para os órgãos competentes tais como a FPF e a polícia presente para que hajam em conformidade com tal situação conforme os regulamentos disciplinares", concluiu o presidente.

Do lado candalense, Rui Caldeira afirmou ao blog não ter assistido aos acontecimentos por ter saído do estádio ao intervalo da partida, mas refuta por completo a ideia de que Francisco Aires tenha agido conforme o jogador oliveirense afirmou: "Na altura dos acontecimentos não estava no estádio, pois tive que sair mais cedo. Mas por aquilo que já me contaram, foi mostrado um cartão vermelho injustamente ao nosso capitão, que depois reagiu de uma forma que não devia e acabou por se gerar alguma confusão".

Sobre a alegada envolvência de Francisco Aires nas agressões perpetradas a Isidro, Rui Caldeira iliba por completo o dirigente, apesar de este ter de facto agarrado o jogador: "Realmente o director agarrou-o, mas nunca com o intuito de o agredir ou para que fosse agredido. Acontece que na altura em que ele o agarrou, foram empurrados contra a grade. Não acredito de forma nenhuma que tenha feito aquilo de propósito, até porque é uma pessoa calma e conhecida por toda a gente do mundo do futebol. De facto não constava da ficha de jogo, mas estava ali com autorização do árbitro e da polícia, por ser precisamente conhecido como uma pessoa calma", disse o presidente candalense, que não percebeu o porquê do árbitro ter dado o jogo por terminado, quando ainda faltavam dois minutos para os 90' mais o período de compensação: "Conheço o presidente do Oliveira do Douro, somos amigos, temos uma boa relação e estivemos a falar antes do início do jogo. Os adeptos não chegaram a entrar dentro do campo e já depois de ter sido dado como terminado o jogo, não houve nenhum tipo de confusão no acesso aos balnearios. São coisas que não deviam acontecer, mas que aconteceram. Não percebo porque é que o árbitro deu por terminado o jogo, se apenas os jogadores das duas equipas é que estavam envolvidos", disse.

Os dois clubes esperam agora pela tomada de posse da FPF sobre este assunto, sendo que o relatório do árbitro será um factor determinante para se saber se será jogado o tempo que falta ou se de facto, a partida terminou com o empate a duas bolas que se registava à altura dos acontecimentos. Há ainda a confirmar as expulsões de oito jogadores no total entre as duas formações, sendo que apenas uma foi dentro do período de jogo, a de Ferraz. Por parte do Candal viram também o cartão vermelho o guarda-redes Dany, os defesas Passos e Daniel e Zé Tiago. Do lado oliveirense, Isidro, Hugo Figueiredo e o guarda-redes Ricardo, constam como jogadores expulsos.