18 de janeiro de 2007

Belenenses X Sporting - Confronto de transições

(em parceria com o Jogo Directo)
É um derby alfacinha sem a relevância e o fervor dos campeonatos de outros tempos... No entanto, e numa liga tão desequilíbrada como esta, o Belenenses surge como uma das poucas formações de quem se pode, realisticamente, esperar algo no confronto com os “Grandes”. Para este facto contribui em muito o seu treinador – Jorge Jesus – cujo modelo de jogo preconizado se ajusta que nem uma luva às características do futebol português.Depois de um início intermitente (e nesse aspecto, o F.C.Porto foi feliz no momento em que visitou o Restelo), os Azuis tornaram-se numa imagem espelhada do competitivo Leiria versão 05/06. Bloco baixo, equilíbrio em posse de bola e uma das mais bem rotinadas transições ofensivas do futebol nacional fazem do Belém uma equipa felina na forma como procura “matar” os seus adversários no seu momento de maior exposição.O embate tinha esse interesse de juntar ao Belenenses das transições ofensivas, um Sporting fortíssimo no momento inverso – a transição defensiva. É, de resto, por este equilibrio que se explica, em parte, a escassez de oportunidades observadas...Nos Leões a ausência de Nani e o eclipse de Carlos Martins resultaram numa incapacidade gritante para criar desequilíbrios... Moutinho, já o referi, é mais forte na construção do que na criação. Farnerud é – ou pelo menos ainda está – “frio” com bola. Ao Sporting pedia-se, por isso, maior concentração e intensidade colectiva para fustigar a defensiva azul e chegar ao “golito” que desbloqueasse o jogo... Houve concentração e intensidade mas insuficiente, tendo-se perdido progressivamente com o decorrer da partida...Foi aí que chegou a fase decisiva do encontro – os minutos após o reatamento. Foi nessa fase que o Sporting bloqueou em termos de ideias ofensivas, tornando-se incapaz de circular e entregando a bola recorrentemente a um Belenenses que se foi galvanizando e que só não marcou por acaso. Era claro que Carlos Martins estava fora do jogo e, mais grave ainda, que na primeira fase de construção não havia ninguém que fosse esclarecido (quantos passes longos fez Polga nessa fase?). Paulo Bento percebeu e corrigiu... 1 minuto tarde de mais!A melhoria do Sporting não teve a ver com a saída de Martins ou com o facto de estar reduzido a 10... Deve-se à entrada de um jovem: Miguel Veloso. A partir daí, o Sporting jogou mais e “bombeou” menos, conseguindo finalmente dar sequência à sua posse de bola.É a minha opinião... Seja no centro, na esquerda ou a “trinco”, Veloso tem de jogar – é uma questão de qualidade!
Lance Capital - Um exemplo de ataque rápido
É o lance que mais perto esteve de dar golo. É também um exemplo de como se deve atacar, não afunilando sobre um flanco mas usando a largura do relvado para dificultar as marcações...



- A jogada inicia-se após uma recuperação rápida de bola do Belenenses e uma segunda bola conquistada por Zé Pedro. O Belém tem 4 homens em acção ofensiva contra 5 do Sporting (os 4 defesas mais Custódio). Atrás vê-se Ruben Amorin e João Moutinho, aparentemente distantes dos acontecimentos...
- No segundo momento, e após conduzir a bola para a esquerda, Zé Pedro opta por servir Roma que, entretanto, oferece uma solução de passe no espaço interior. Este é um momento fundamental pois se o passe sai para a esquerda dificilmente o Belenenses teria espaço para dar melhor sequência à jogada. Assinale-se a passividade de Custódio...
- Finalmente Roma tem a possibilidade de solicitar a excelente desmarcação de Rúben Amorim. O jovem do Belém apanha João Moutinho de surpresa e aproveita o espaço libertado pela movimentação de Silas que arrastou Ronny. Note-se que o lateral do Sporting não tem a melhor das coberturas fechando demasiado dentro, numa zona em que já está Polga e abrindo o corredor por onde o desequilíbrio vai ser criado...

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