10 de julho de 2006

Portugal termina em 4º lugar


Portugal terminou a sua participação no Campeonato do Mundo num honroso 4º lugar. Apesar de ter ficado com a impressão de que poderia ter sido alcançado uma outra posição, o certo é que este quarto lugar premeia uma geração de jogadores que durante bastante tempo deu tudo pela nossa selecção. Jogadores como Figo e Pauleta, que ontem puseram um ponto final nas suas carreiras internacionais, saem pela porta grande e com o sentido de dever cumprido.

O jogo de ontem poderia ter tido outro resultado. Tanto Alemanha, como Portugal, efectuaram um jogo bastante emocionante. Foi um jogo digno de uma final. Portugal demonstrou uma frescura física que não tinha demonstrado frente a França. Talvez se o tivesse feito não estaria a disputar este “rebuçado” dado pela FIFA.

Scolari apresentou um onze com algumas mexidas, fruto das lesões de Miguel e Figo e o castigo de Ricardo Carvalho. Assim, na baliza esteve Ricardo, a defesa foi constituída por Paulo Ferreira na direita, Nuno Valente na esquerda e Meira e Ricardo Costa no eixo, Costinha, Maniche e Deco no meio do terreno, Simão, Cristiano Ronaldo e Pauleta no ataque.
Klinsmann apresentou um onze também com algumas alterações, tendo desta feita, dado a oportunidade a Oliver Kahn de alinhar de inicio. Este seria também, o ultimo jogo do guardião pela selecção germânica. Assim a Alemanha apresentou Kanh na baliza, Lahm, Metzelder, Nowotny e Jansen na defesa, o meio campo foi constituído por Kehl, Frings, Scheneider e Schweinsteiger, na frente Klose e Podolski.

Os germânicos entraram melhor, e pressionaram logo de inicio os portugueses, que acabaram por recuar no terreno, fruto de uma maior força no miolo do terreno, onde Kelh e Frings estavam à vontade, e conseguiam servir Klose e Podolski com algum perigo. Logo no início do jogo, os alemães reclamaram uma grande penalidade, por suposta mão na bola de Nuno Valente apos um remate forte de um alemão. Portugal respondeu e Deco criou a primeira situação de perigo, furando a defesa e cavando uma falta à entrada da área, que Simão bateu não muito longe da baliza de Kahn. Portugal equilibrou as coisas à passagem do quarto de hora, e durante alguns minutos conseguiu empurrar a Alemanha para o seu meio campo. Neste período, Pauleta teve nos pés o primeiro golo português, aos 15 minutos quando apareceu isolado frente a Kahn, mas não conseguiu bater o guardião. Portugal continuou a exercer alguma pressão, pois os extremos iam sendo as melhores unidades, e Deco mostrou uma maior predisposição do que no jogo com a França. No entanto Portugal foi perdendo esse domínio, o que voltou a dar aos alemães o controlo do jogo. Até ao intervalo nada de relevante se passaria. No reatamento da partida o descalabro. Em cinco minutos o sonho de igualar 1966 desmoronou-se aos pés de um jogador: Schweinsteiger. A fazer lembrar o Euro 2000, noite em que Sérgio Conceição despedaçou esta mesma Alemanha, o jovem extremo pegou na bola, fugiu pelo corredor esquerdo, flectiu para o meio e desferiu potente remate que surpreendeu tudo e todos. A bola tomou uma trajectória que apanhou Ricardo em contrapé e anichou-se na baliza portuguesa. Era o primeiro golo alemão e a primeira explosão de alegria no Gottlieb-Daimler, em Estugarda. Portugal tentou reagir, mas o extremo não deixou. Cinco minutos volvidos, o jogador alemão ganha uma falta que o próprio bate, o pontapé saiu forte e pelo caminho encontrou o pé de Petit, entrado ao intervalo a substituir o amarelado Costinha, tendo desviado a bola para o fundo das redes, sem que Ricardo nada pudesse fazer. Nesta altura o sonho estava quase desfeito, e os alemães exultavam de alegria, tanto nas bancadas, como no relvado. Neste período, Portugal reagiu e voltou a pegar no jogo, tendo nos pés de Deco a primeira oportunidade para reduzir a diferença, mas Kahn opôs-se, desviando para canto. Scolari mexeu novamente na equipa e aos 69 minutos retirou Nuno Valente e fez entrar Nuno Gomes, numa aposta claramente atacante. Aos 70 minutos, Pauleta teve novamente o golo nos pés, mas não conseguiu desfeitear o guarda-redes germânico. Com Portugal a tentar reduzir a desvantagem, sem no entanto ter ideias, Scolari lançou Figo, talvez para a despedida do capitão. Tirou Pauleta e Figo ainda não se tinha posicionado devidamente no terreno, quando mais uma vez Schweinsteiger rematou forte de fora da área, fazendo o 3-0. A equipa resignou-se e aos 88 minutos, Figo centrou para o mergulho de Nuno Gomes, fazendo assim um bom golo e reduzindo para 3-1.

Até ao final, os jogadores portugueses ainda acreditaram que seria possível, mas já jogavam com o coração e não conseguiram alterar o marcador.
Portugal saboreou mais uma vez o travo amargo da derrota, depois de ter perdido na meia-final com a França por 1-0. Fica a ideia que estes números são um pouco exagerados, em função daquilo que a selecção portuguesa jogou nos 92 minutos de jogo.

O Melhor do jogo.

Sem duvida que este título vai para Schweinsteiger. O extremo alemão voltou dos balneários com o intuito de destruir o sonho português, de alcançar o terceiro lugar. E qual Panzer alemão, passou por cima de toda a selecção e fez dois grandes golos de belo efeito e ainda obrigou Petit a introduzir a bola na sua própria baliza. Fez lembrar a noite endiabrada de Sérgio Conceição no Euro 2000.

O Pior do jogo

É difícil encontrar o pior do encontro. Penso que o pior tenha sido mesmo o resultado, que me parece um pouco pesado para aquilo que a selecção nacional fez durante os 90 minutos. Portugal apresentou-se com uma boa condição física o que proporcionou um bom espectáculo. Apenas pecou na finalização, pois Pauleta teve por duas vezes o golo nos pés, surgindo outras tantas vezes na frente de Kahn.



O Árbitro

Esteve razoável. Sem deslumbrar, o certo é que também não complicou. Como bom japonês, Toru Kamikawa, fez da correcção o seu cartão de visita e controlou o jogo de uma maneira justa. Exibiu cinco cartões amarelos, todos eles justificados e terá tido um ou dois lapsos durante todo o jogo. Uma actuação razoável de um árbitro que surpreende por ter sido nomeado para uma meia-final depois de ter aparecido apenas por duas vezes nesta fase final.