6 de abril de 2006

Benfica eliminado...

Antes de mais, gostava de pedir desculpas aos leitores, pela não actualização do blog. Devido a uma sobrecarga de trabalhos da faculdade enão só, tem sido impossivel dedicar mais tempo a este espaço. Mas a partir da proxima semana, já começo a ficar mais liberto, e as coisas voltarão a normalidade.


De regresso as analises, tenho que começar pelo grande duelo ibérico, entre Barcelona e Benfica. A vitória sorriu a equipa que mais procurou o golo e que menos errou durante os 90 minutos. O Benfica entrou nervoso na partida e isso foi notorio logo aos 3 minutos de jogo, quando Petit comete grande penalidade, depois de uma perda de bola infantil. Para a marcação da falta, estava Ronaldinho, mas Moretto correspondeu com uma excelente defesa, ao potente remate do seu compatriota. A partir deste momento poderia-se pensar e legitimamente, que o Barcelona iria sentir alguma insegurança o que beneficiaria claramente o Benfica. O onze escalado por Koeman, não apresentou nenhuma surpresa de última hora. A equipa não foi a mesma do jogo da Luz, pois Geovanni jogou no lugar de Robert, ainda se pensou que Karagounis pude-se fazer esse jugar, mas o grego ficou no banco. O meio campo de combate do holandes do Benfica, foi o mesmo dos últimos jogos da Liga dos Campeões. Beto, Manuel Fernandes e Petit, formaram o trio, à frente de Ricardo Rocha, mais uma vez a direita, Luisão e Andersson, e Léo na esquerda. E foi presisamente do trio de betão do meio campo encarnado, que as oportunidades catalãs foram surgindo. Primeiro a do penalti logo aos 3 minutos, depois o golo aos 19. Uma situação que Beto parecia ter completamente dominada, e após se virar para afastar a bola da sua area, troca os pés e oferece a bola a Larsson que lancou Eto'o, que depois de deixar Anderson pregado ao relvado, centrou atrasado, onde surgiu Ronaldinho, liberto de marcação a fazer o 1-0 e a redimir-se da grande penalidade falhada. O Benfica sofria assim o primeiro golo, mas ainda estava dentro da partida, pois bastaria um golo para eliminar os catalães.

Depois do golo do Barcelona, o jogo voltou a uma toada morna, que interessava, claro, ao Barça, e com algumas jogadas de perigo a suceder-se na area de Moretto. Já perto do intervalo e após um centro de Ronaldinho, Léo tem um mau alivio que coloca a bola nos pés de Van Bommel, mas este isolado atirou para boa defesa, com os pés, de Moretto. Alias, desde a segunda parte do jogo da Luz, passando pelo jogo do campeonato frente ao Belenenses, que Moretto não comete nenhuma fífia, e tem feito boas exibições. A única oportunidade de perigo dos encarnados no primeiro tempo, foi num livre apontado por Simão, onde Luisão não chegou por milímetros, não conseguindo fazer o desvio vitorioso.

No reatamento, tudo na mesma. Koeman e Rijkaard, não fizeram alterações e os onzes que iniciaram a partida iniciariam também o segundo tempo. A toada do jogo era a mesma, o Barcelona espectante e a gerir o resultado, o Benfica sem argumentos para fazer mossa na defesa catalã. O contra-ataque, que no fundo era a arma de Koeman para este jogo, não funcionou, muito por culpa da desinspiração dos três centrocampistas, que ontem estiveram numa noite desastrada. A partir do minuto 55 o Benfica começou a aparecer mais perto da baliza do Barcelona. É neste minuto que Koeman lança Karagounis em detrimento de Geovanni, que esteve particularmente apagado. E ao minuto 61 o lance que poderia ter dado um rumo diferente à eliminatória: Depois de um alívio defensivo a bola cai nos pés de Miccoli, que consegue passar pelo seu marcador, e encontra no centro da area Simão, que apenas com Valdés pela frente atirou ao lado da baliza. Chegou-se a gritar golo, mas o certo é que a bola não tinha entrado. A partir deste momento o Barcelona tremeu. Tremeu, porque estava a gerir uma vantagem perigosa e apesar de tudo não estava a conseguir contrariar o acerto defensivo, descuidando um pouco a defesa, o que originou alguns lances perigosos, como o de Simão. Koeman volta a mexer aos 75 minutos, tirando Beto para fazer entrar Robert e depois a dez minutos do fim, quando tirou Manuel Fernandes e fez entrar Marcel, pedindo aos defesas e ao guarda-redes, para jogarem um futebol directo, pondo a bola em Marcel, para aproveitar a elevada estatura do brasileiro. Rijkaard só nesta fase do encontro é que mexeu na equipa e mal Marcel pisou o revaldo, o holandes do Barcelona lançou Edmilson, no lugar do esgotado Van Bommel, que se foi posicionar precisamente ao lado de Marcel. Logo de seguida entrou Giuly para o lugar de Larsson, numa clara preocupação defensiva por parte do treinador do Barcelona. Mas nem foi preciso preocupar-se muito. Quando o Benfica procurava o golo, completamente balanceado no ataque, e após Karagounis ter efectuado um dos poucos remates com perigo, por parte dos encarnados, eis que Petit, fruto da lentidão e inoperância que demonstrou durante os 90 minutos, perdeu mais um bola no meio campo, esta sobrou para Ronaldinho que enviou logo o esferico para Giuly, que com um toque subtil, meteu a bola no centro da area, onde Eto'o sozinho, teve tempo para dominar a bola e fuzilar Moretto, que nada podia fazer.... Estavam decorridos 88 minutos de jogo.

Até ao fim nada mais a registar. O Benfica saia da Liga dos Campeões, eliminado pelo Barcelona e nos 1/4 de final. No fim Koeman ressalvou o bom jogo encarnado, que na minha opinião não foi tão bom quanto isso, e o facto de o Benfica ter caido numa fase da prova onde ninguem esperava que os encarnados chegassem. Falou também da arbitragem, fazendo referencia ao penalti apontado a Petit, que foi em tudo igual àquele que não foi assinalado na Luz, a Thiago Motta.

Jogo realizado em Camp Nou perante 85 mil espectadores.

Barcelona: Valdés, Belletti, Oleguer, Puyol e Van Brockhorst, Iniesta, Van Bommel e Deco, Larsso, Eto'o e Ronaldinho
Substituições: Edmilsson por Van Bommel aos 84' e Giuly por Larsson aos 86'

Benfica: Moretto, Ricardo Rocha, Luisão, Anderson e Léo, Petit, Beto e Manuel Fernandes, Simão, Geovanni e Miccoli.
Substituições: Karagounis por Geovanni aos 55', Beto por Robert aos 72' e Marcel por Manuel Fernandes aos 82'

Arbitro: Lubos Michel, auxiliado por Martin Balko e Roman Slysko.

Cartões amarelos a Deco e Eto'o por parte do Barcelona e a Manuel Fernandes, Luisão e Andersson por parte do Benfica.


Conclusões:

As conclusões que se podem tirar deste jogo, são as seguintes:

1- O Benfica temeu demais o Barcelona e o ambiente de Camp Nou, o que condicionou de certa forma a exibição de alguns jogadores, principalmente aqueles que têm menos experiência nestas andanças. Por vezes podiamos reparar que haviam jogadores que se queriam livrar rápidamente da bola, o que originava maus passes e consequentemente originava uma má gestão da posse de bola, pois tão rápido ganhavam a bola, como imediatamente a perdiam.

2- O Barcelona venceu, porque aproveitou dois erros do meio campo encarnado, que apanharam a defesa em contrapé. Se olharmos para os 90 minutos e procurar-mos ocasiões de golo de um lado e de outro, podemos constatar que o Barcelona teve quatro grandes oportunidades de golo e o Benfica uma. As oportunidades de golo dos catalães, surgiram de quatro erros dos encarnados: a grande penalidade surge de uma perda de bola de Petit no centro do terreno, vindo depois a fazer a falta dentro da area; o golo surgiu de uma perda de bola infantil de Beto, quando a defesa estava a subir no terreno; Léo quase oferece o golo a Van Bommel, depois de um alívio deficiente, valendo na altura Moretto e por último o segundo golo catalão surge após mais uma perda de bola de Petit, que demorou uma eternidade a despacha-la da zona defensiva permitindo a Eto'o recupera-la para mais tarde finalizar a jogada.
A grande oportunidade do Benfica, surgiu numa altura em que o Barça tinha a defesa desguarnecida, deixando fugir Miccoli e Simão, que depois de um excelente passe do italiano, não teve arte para bater Valdés.

3- Não foi pela arbitragem que o Benfica saiu derrotado de Camp Nou. Mesmo tendo marcado inumeras faltas, Lubos Michel esteve bem, pois tudo aquilo que marcou era mesmo para ser marcado. A nível disciplinar também esteve bem e por muito que custe aos portugueses, o lance da grande penalidade era efectivamente grande penalidade. pode-se questionar a marcação deste lance e a não marcação de um lance identico na Luz, mas é preciso ver que são dois arbitros diferentes, com critérios diferentes. Um deles marcou, o outro não.

Os mais do jogo

Do lado do Barcelona, tenho que destacar Ronaldinho, Eto'o. Ronaldinho, porque é a alma do Barça. Se alguem pesou que o brasileiro podia sentir-se menos confiante por ter falhado uma grande penalidade logo a abrir, enganou-se. Quinze minutos depois redimiu-se, apontando o primeiro golo do Barça, estando no sítio certo e sem marcação, na única vez que Ricardo Rocha lhe deu espaço. Eto'o, porque é a par de Ronaldinho o jogador mais perigoso dos catalães. Deambulou por todo o terreno de jogo e esteve nos dois golos da sua equipa. Primeiro recuperou a bola a Beto, fugiu com ela pela lateral, passou por Anderson e centrou atrasado para Ronaldinho abrir o marcador, no segundo recuperou mais uma vez a bola, desta vez a Petit, e depois de um passe de Giuly, fuzilou Moretto, na cara deste.

Do lado encarnado, tenho que mencionar Luisão e Moretto. O central é cada vez mais elemento preponderante no eixo defensivo encarnado, e esteve em todo o lado também. Dobrou os laterais quando estes subiam, esteve imaculado na sua area de acção e ainda encontrou tempo para ir à frente tentar o golo. O guarda-redes brasileiro por seu turno, parece começar a confirmar os seus créditos. E nada melhor para começar, do que defender um penalti apontado por Ronaldinho. Confesso que não tenho conhecimento nos últimos tempos de algum guarda-redes que tenha conseguido esta proeza. É certo que a penalidade não foi muito colocada, mas a força que levava compensava essa má colocação. Moretto esticou-se e defendeu. E ganhou moral para o resto do jogo, tendo-se oposto com grande nível a Van Bommel já no fim da primeira parte. Só não conseguiu parar o tiro de Eto'o a dois minutos do fim. Mas também será que alguem podia?

E em especial aos adeptos encarnados. Eram apenas cinco mil, mas por vezes fizeram-se ouvir mais alto que os restantes 80 mil.... Só por isso o Benfica merecia seguir em frente...

Os menos do jogo....

Do lado do Barça, não houve quem jogasse mal. Houve alguma desinspiração de Deco, o que talvêz tenha feito com que o fluxo atacante dos catalães não tenha sido mais e meis perigoso. O sector defensivo sem Marquez é completamente diferente, mas o Benfica não soube aproveitar.
Do lado encarnado, tenho que destacar o meio campo. No futebol moderno, ganha o jogo quem ganhar a luta a meio campo e nesse particular, o Benfica anulou-se completamente. A exibição desastrada de Petit e Beto, deram dois golos aos catalães e mais poderiam ter dado, a lentidão que estes dois jogadores demonstraram ao longo dos 90 minutos foi gritante, o que permitiu ao Barça ganhar esta luta, fruto de uma maior frescura das suas unidades. As consequências da perda deste sector, reflectiram-se na incapacidade dos jogadores lançarem as unidades da frente em velocidade, o que inibiu a estratégia de Koeman, que passava claramente pelo contra-ataque. Tenho que destacar também Simão, pois foi o jogador que falhou a melhor e única oportunidade de golo dos encarnados, e que poderia ter escrito outra história nesta eliminatoria. Não se podem falhar ocasiões destas em alta competição, por forma a verem-se penalizados depois. E foi o que aconteceu.

Em resumo....

Quem dá o que tem a mais não é obrigado.... é o que deve estar a pensar Koeman e toda a comitiva encarnada neste momento. E de facto é essa a imagem deste Benfica, que sai da Liga dos Campeões nos quatos de final. Deu tudo o que tinha no conjunto das duas mãos, embora pudesse ter dado um pouco mais no jogo de ontem. Tudo isto é fruto da pouca experiência europeia da equipa orientada por Ronald Koeman, onde os jogadores com mais experiência são Robert e Karagounis, dois jogadores que estão quase em fim de carreira. De resto, a grande maioria dos jogadores encarnados, não tem mais de 20 jogos na europa. Do lado do Barcelona a grande experiência da maioria da equipa fez o resultado da eliminatória. Frieza e calma na hora do remate, na construção de jogo e na posse de bola, fazem desta equipa uma das melhores do mundo, já para não falar nas unidades individuais, que em qualquer momento decidem uma partida. O Benfica sai da Champions, mas sai de cabeça erguida, porque o adversário que derrotou os encarnados, pode bem ser o proximo campeão europeu....

Sem comentários: