13 de junho de 2011

Entrevista com: Rui Pedro (Canidelo)

A rubrica 'Entrevista com' está de volta, desta feita com um jogador de uma formação que subiu esta temporada de divisão. Rui Pedro, médio do Canidelo foi o escolhido pelo 'A Bola é Redonda' para nos falar da temporada quase perfeita da sua equipa, bem como do seu percurso no futebol e aquilo que espera para a próxima temporada e para o seu futuro nomundo do futebol.
Depois de uma formação inteira no Boavista, no final da época 2005/2006 deu-se o fim da linha no emblema axadrezado. Desde essa época até aos dias de hoje, o médio tem experimentado as agruras do futebol. De um plantel de onde sobressai o nome de Hélder Costa, hoje guarda-redes do Perosinho, nenhum outro colega conseguiu ainda chegar à 1ª Liga portuguesa. Alguns estão no campeonato do Chipre, outros andam pela 2ª B e há ainda alguns a disputar os distritais. Conheça um pouco mais deste construtor de jogo, numa entrevista exclusiva do 'A Bola é Redonda' a não perder...



A Bola é Redonda (ABR) - Boa tarde Rui Pedro. Fala-me um pouco do teu percurso no futebol

Rui Pedro (RP) - Boa tarde. Comecei a jogar futebol no Boavista aos 5 anos de idade. Comecei como um miúdo que gostava de jogar futebol na rua. Estive lá até aos 17 anos, foram 12 anos com grande amor a camisola. No entanto sai e nem uma palavra me deram, o que causa alguma mágoa. Não tenho nada a apontar ao clube, mas infelizmente a nível de futebol sénior, o futebol ainda não foi como eu sempre sonhei e é um apelo que faço a todos os miúdos, não abdiquem dos estudos porque o futebol é uma fantasia, pois hoje estás bem mas não sabes o dia de amanhã. Reforço a importância que os estudos têm na vida dos jovens.


ABR - Depois do Boavista como foi a tua chegada ao futebol sénior?

RP - Saí do Boavista e nunca tive uma proposta, o clube nunca me apresentou nada. Era o jogador mais antigo do meu plantel e quando sai do clube fiquei à toa pois dei de caras com um mundo diferente. Fui para Macedo de Cavaleiros, jogar no Morais que disputava a 3ª Divisão, quando já ponderava deixar o futebol. Foi difícil, porque estava longe da família e a passagem de júnior para sénior é completamente diferente. Comecei a ver que o futebol não era tão bonito como até então. Foi uma boa experiência, pois joguei com jogadores mais velhos que para além de jogarem também trabalhavam ao contrário de mim. Quero aproveitar para agradecer às pessoas de Macedo de Cavaleiros, pois sempre me trataram bem. Depois estive no S.C. Valenciano e foi uma grande experiência, pois era um clube mais profissional que o Morais. Joguei com jogadores que já tinham andado pela primeira liga e a nível de experiência foi fantástico. Depois seguiu-se o Pedras Rubras em 2008/2009, que havia descido à Divisão de Honra e que tinha como objectivo subir de divisão. Nessa época trocamos de treinador em Dezembro e as coisas não foram fáceis durante a temporada e acabamos por não conseguir subir. Nunca tive o problema de não receber salários, pois sempre recebi por todos os clubes por onde passei. O Pedras Rubras era um grande grupo e agradeço também tudo que fizeram por mim. Seguiu-se o Canidelo. O primeiro ano não foi positivo, quando cheguei em Dezembro, o Canidelo estava em último e ainda assim acabamos por ficar a um ponto da manutenção. Dei a minha palavra de que ficaria para ajudar o clube a subir este ano e acabamos por ser a primeira equipa em Portugal a garantir a subida de divisão.


ABR - Foi difícil a transição dos nacionais para os distritais?

RP - Por vezes olhamos para a televisão e vemos jogadores que possivelmente até têm menos capacidades que nós e no entanto jogam na 1ª Liga e eu disputo os distritais. Ainda hoje não sei responder a isso. Além disso, o futebol envolve muitas pessoas e gera muito dinheiro. Nunca tive agentes e nunca tive muita sorte em quem encontrei pela frente. Muita gente fala e falava-se de propostas de alguns clubes, mas nunca nada se concretizou. Respondendo concretamente à questão, tens que ser o mesmo seja qual for a divisão. Na 3ª tens clubes mais competitivos do que outros, uns mais tácticos, outros que jogam mais na força. No distrital o futebol é um pouco diferente, pois é mais amador. A nível de futebol jogado, não há muita diferença. Por exemplo, a Divisão de Honra da AF Porto, é equivalente à Série A da 3ª Divisão. A nível de 1ª Distrital, tive sorte em este ano fazer parte de um grande plantel, com muita qualidade e com jogadores experientes e que também já tinham jogado em divisões superiores.


ABR - Dominaram por completo a Série 1. Esperavas tantas facilidades ou achavas que ia ser mais renhido, tendo em conta os diferentes clubes que eram candidatos a subir?

RP - No início da época falou-se muito do Lavrense, do Perafita e do Maia, que iriam lutar para subir. Pensei que iria ser mais difícil, mas da forma que encaramos todos os jogos e com um grupo de qualidade e bem comandados pelo Lé, bem como a estabilidade existente no clube que sempre cumpriu com os salários senti sempre que era possível a subida. O objectivo sempre foi subir, apesar de nunca o termos dito com clareza. Senti que a nossa equipa era diferente e em qualquer campo, apesar de algumas vezes nos encontrarmos a perder sentia sempre que iríamos virar os resultados.


ABR - Os adeptos também ajudaram…

RP - Estiveram em grande. Já passei por muitos clubes e nunca vi adeptos como em Canidelo. Onde quer que fossemos, estivéssemos no lugar que estivéssemos como no ano em que descemos, sempre foram impecáveis. Só tenho a agradecer o apoio que nos deram e sem eles nada disto seria possível.


ABR - Contudo, no final da época houve um dissabor, que foi não serem campeões da 1ª Distrital e com o Canidelo a chegar a esses jogos numa série negativa de resultados. O que é que faltou à equipa?

RP - Não faltou nada, porque a equipa foi a mesma até ao fim. Houve sim mudanças de treinadores e dirigentes. O barco não foi o mesmo do início. Se teve influencia ou não, não sei, também não sou a pessoa indicada para te responder, a única certeza que tenho é que nos jogadores tudo fizemos para que o título fosse possível, porque os adeptos mereciam-no. Não conseguimos, mas encontramos também uma grande equipa pela frente como foi no caso, o Dragões Sandinenses que tinha também uma excelente equipa e quando assim e, temos que dar os parabéns ao adversário.


ABR - Mas o Berto, adjunto do Lé Santos, que orientou a equipa nesses jogos disse que o Canidelo venceu a Série 1 cedo de mais. Achas que isso teve interferência no desempenho dos jogadores, tendo em conta que o Dragões Sandinenses disputou até ao final do Campeonato a subida?

RP - Não sei, não nos podemos esquecer que o Sandinenses só subiu de divisão em Maio, nós já o tínhamos conseguido em Março, embora continuássemos a treinar e a jogar da mesma forma. Pode ter sido o facto de eles chegarem a esta fase ainda no pico da forma, mas quanto a mim, nesses dois jogos eles foram superiores e há que lhes dar os parabéns.


ABR - Alguma vez duvidaram que conseguissem subir de divisão?

RP - Sinceramente, nunca duvidei. Depois da vitória em casa do Maia, senti que íamos subir de divisão sem dúvida alguma.


ABR - Como é que o balneário recebeu a notícia da saída do Lé Santos?

RP - O balneário recebeu a notícia como qualquer outro receberia, são ordens da direcção e nós somos pagos apenas para jogar. Podemos ter as nossas opiniões pessoais e eu tenho a minha, mas a nossa função era jogar e subir de divisão e isso era o mais importante. Sobre a mudança do treinador, não é a mim que cabe dar qualquer tipo de opinião como deves entender.


ABR - Vais ficar no Canidelo na próxima época?

RP - O Presidente já falou comigo. Foi sincero comigo assim como eu fui com ele e disse-lhe que em princípio ficaria no Canidelo. Ficando nos distritais será no Canidelo, a não ser que aparecesse uma proposta muito superior, pois não troco este clube por 50 ou 100€. Ouço muitas coisas acerca do meu futuro, falo com muitas pessoas, todas têm opiniões e dizem que vai haver propostas daqui e dali e até já se falou no estrangeiro, mas isso para já são meras conversas de café, em concreto ainda não recebi nenhum contacto. Neste momento, estou a aproveitar para descansar.


ABR - Admitindo que ficas no Canidelo, o que esperas do desempenho da equipa na Divisão de Honra, que será uma das mais difíceis dos últimos anos?

RP - Nós, jogadores, ainda não sabemos concretamente quais serão os objectivos do clube. O presidente falou comigo e disse que quer fazer um campeonato tranquilo. Ira ser um campeonato difícil, mas o presidente sabe que eu não jogo para campeonatos tranquilos, eu jogo para ganhar e para subir de divisão por isso, ficando no Canidelo, espero que todos façamos a melhor época possível e não seria a primeira vez que uma equipa subia dois anos seguidos.


ABR - Mas no passado o Canidelo já se assumiu como candidato à subida à 3ª Divisão e por pouco não desceu…

RP - Tens toda a razão. O Canidelo subiu agora e por isso não nos podemos assumir como candidatos a uma nova subida, pois temos equipas difíceis e é uma serie onde só sobe um clube e ainda por cima teremos equipas como o Candal e o Oliveira do Douro, que são equipas fortes. Mas o Canidelo com a força dos adeptos que tem pode igualar-se a qualquer equipa desta divisão, pois não vejo diferenças a esse nível.


ABR - Tens 24 anos, O que é que ainda esperas do futebol, pois apesar de seres jovem, estas já a entrar numa fase delicada da carreira dum jogador de futebol?

RP - Estou a entrar naquela fase do ‘é ou não é’. Desde que sai da 3ª Divisão que a desmotivação se tem manifestado mas não é fácil deixar o futebol. Tenho comigo o sonho de ser jogador profissional, mas tenho os pés assentes na terra e tenho que ver a vida da melhor maneira possível. Se me perguntasses se queria mais oportunidades, diria que sim, se me dissesses que há jogadores com menos qualidade que estão mais acima, é verdade, agora porque, eu não sei, mas estou aberto a oportunidades e todas as que aparecerem tentarei agarra-las da melhor forma.

8 comentários:

Anónimo disse...

joguei esta epoca com o rui e digo vos que se trata de facto de um jogador acima da media para os distritais ,tem claramente futebol para outros campeonatos,pena ainda nao ter tido alguem que o tivesse ajudado ,pois precisava mesmo de um empurrao porque futebol tem ele.abraço

Filho Nuno disse...

O meu irmão é um grande exemplo e espero que ainda consiga realizar o seu sonho...mas para mim ele já provou tudo o que havia para provar! Um bj deste teu irmão que tem orgulho em ti*

Anónimo disse...

gostaria de lembrar qo Rui Pedro que na sua formação tambem jogou no C. D. Candal.

jose Tavares disse...

Se eu fosse da direcção,colocaria um extrato da entrevista do Rui Pedro no balneário para servir como exemplo para todos os jogadores seguirem,quando diz:"...o Presidente sabe que eu não jogo para um campeonato tranquilo...eu jogo para ganhar e para subir de divisão,por isso ficando(fica Rui Pedro)no Canidelo,espero que todos façamos a melhor época possivel e não seria a primeira vez que uma equipa subia dois anos seguidos..!"Assim é que se fala Rui,e com estas suas palavras, o mote está dado para a próxima época!!

Anónimo disse...

Quando é para dar tanga ele está lá, quando é para treinar e dar o maximo ele tambem está çá, nunca vira a cara a luta e mostrou isso nos 2 anos que passou neste meu clube, tive oportunidade de partilhar o balneario com ele o ano passado e digo vos este rapaz é um exemplo para qualquer um.
para mim nao fosse a lesão no candal e nao estariamos aqui a comentar esta entrevista mas talvez em foruns da 1a liga
FORÇA RUI SE MUDARES MUDA PARA MUITO MELHOR PORQUE PARA MELHOR NAO VALE A PENA;)
GRANDE ABRAÇO

Anónimo disse...

Fui director do Rui na epoca anterior e partilhei com ele o balneario e o banco e posso dizer que nos dois e grande exemplo a seguir por todos no futebol , no banco sem ser canidelense de coração sofria mais que qualquer um de nos e sempre que entrava dava tudo isso eu vi e testemunho , como jogador sempre disse e digo e para mim (mim) o melhor jogador actuar no canidelo e dos melhores jogadores que ja vi no distrital por isso não pertence a estas divisões por isso merecia sem duvida melhor sorte , GRANDE ABRAÇO MIUDO E OLHA SEMPRE PARA A FRENTE

António Mota disse...

O Rui é jogador a mais para os distritais. Com um pouco de sorte, vai jogar nos nacionais muito tempo.

Anónimo disse...

Subir de divisão?! Com uma direção de mentirosos e sem respeito por ninguém? O Canidelo vai ser uma casa a arder para o ano. As pessoas competentes estão a sair todas do clube...