15 de junho de 2010

Portugal estreia-se com empate

Abro aqui uma excepção no futebol distrital, para me insurgir pelos caminhos da Selecção Nacional, no Campeonato do Mundo da Africa do Sul, até porque existe um gaiense em destaque na equipa de todos nós, no caso Ricardo Costa. Enquanto a Selecção estiver a jogar o Mundial, serão feitas as analises aos jogos da equipa das quinas, dando o destaque devido ao Ricardo Costa.

Ficha de jogo

Estádio: Nelson Mandela Bay, Port Elizabeth
Árbitro: Jorge Larrionda (Uruguai)
Hora: 15h

Portugal: Eduardo, Fábio Coentrão, Bruno Alves, Ricardo Carvalho e Paulo Ferreira, Raul Meireles, Pedro Mendes e Deco, Cristiano Ronaldo, Danny e Liedson.
Jogaram ainda: Simão, Tiago e Rúben Amorim
Treiandor: Carlos Queiroz

Costa do Marfim: Boubacar Barry, Guy Demmel, Kolo Touré, Didier Zokora e Emmanuel Eboué, Tiene, Yaya Touré e Tiote, Aruna Dindane, Solomon Kalou e Gervinho.
Jogaram ainda: Didier Drogba, Kader Keita e Romaric
Treinador: Seven Goran Erikson

Disciplina: Cartão amarelo para Didier Zokora e Guy Demmel, da Costa do Mafim e Cristiano Ronaldo, por Portugal


Assim, e no jogo de estreia de Portugal frente à Costa do Marfim, resumindo brevemente aquilo que aconteceu durante os noventa minutos, Portugal nunca teve armas suficientemente fortes para bater uma bem estruturada equipa da Costa do Marfim, comandada por Eriksson. O jogo até poderia ter mudado de figura cerca dos 10 minutos de jogo, quando Cristiano Ronaldo atirou de longe, com a bola a bater no ferro da baliza do marfinense Barry. Durante todo o primeiro tempo, a equipa lusa não conseguiu criar uma verdadeira ocasião de golo em futebol jogado, denotando alguma falta de idéias do meio campo para a frente, algo que já tinha sido visto na fase de qualificação.
No segundo tempo, nada mudou no jogo português. Liedson teve uma boa ocasião para marcar logo aos 58' de jogo, mas o cabeceamento saiu fraco e direito às mãos de Barry. A partir daqui, a Costa do Marfim tomou de facto as rédeas ao jogo e aos poucos foi empurrando a equipa das quinas para o seu meio campo. Aos 60 minutos Eriksson lançou Drogba, contrastando com a pouca argúcia de Queiroz, que conformado com o rumo do jogo lançou Tiago, Simão e Rúben Amorim. A meio da segunda parte ainda se gritou golo, com Ronaldo a introduzir mesmo a bola na baliza de Barry, mas antes já o árbitro, Jorge Larrionda, tinha interropido o jogo por falta de Bruno Alves sobre um jogador adversário, antes de Liedson assistir Ronaldo para golo. Decisão discutivel do juiz. Até ao final do jogo, foi a Costa do Marfim que dispôs de uma boa ocasião para fazer o golo, não se percebendo se a vontade de Drogba foi rematar ou centrar, mas para bem da equipa das quinas, o golo não surgiu.
O empate sabe melhor à equipa africana do que a Portugal, que ainda tem que defrontar a Coreia do Norte e depois o Brasil na última ronda deste grupo.

Analise do jogo

Analisando o jogo, posso dizer que vimos uma equipa de Portugal, no seguimento da fase da qualificação para esta competição. Sem alegria a jogar, parecendo que está sobre brasas, sem inspiração das principais unidades do meio campo e sobretudo, sem poder finalizador capaz de atemorizar as defesas contrárias. Portugal jogou num 4x3x3, com Pedro Mendes e Raul Meireles na zona do miolo e Deco mais adiantado, apostando em Cristiano Ronaldo e Danny nas alas para servir Liedson. Na defesa, Paulo Ferreira jogou na direita, Coentrão na esquerda e Bruno Alves e Ricardo Carvalho no eixo defensivo.
Pedro Mendes foi fundamental em alguns lances, cortando linhas de passe que poderiam ter criado mais perigo, mas o problema esteve na frente de ataque, onde Deco não teve a velocidade e a imaginação de outros tempos, Danny não esteve ao seu melhor, talvez por jogar encostado a ala, e Cristiano Ronal nada pode fazer sozinho e Liedson foi completamente anulado pelos entrocados centrais adversários.

Eriksson motou uma estratégia que surtiu o efeito pretendido, dando a iniciativa de jogo a Portugal e depois tentando sair em rápidos contra-ataques, sempre com Gervinho na mira dos companheiros. Para bem da nossa selecção, a pontaria do avançado não foi a melhor.

Posso confessar que não gosto de Carlos Queiroz, por não o achar um treinador suficientemente atacante e com a visão necessária para dar a volta uma situação em que Portugal até poderia ter sido beneficiado. Penso que o treinador português errou nas substituições, principalmente na troca de Raul Meireles por Rúben Amorim. Esta substituição foi tardia, deveria ter sido feita na mesma altura da entrada do Tiago, e não deveria ter sido o Rúben a entrar, mas sim o Hugo Almeida. Convém referir que as opções atacantes de Portugal são escassas, mas atirar com Liedson para o meio das traves Kolo Touré e Zokora durante os 90 minutos foi a morte do artista e muito dificilmente o "levezinho" poderia ter feito alguma coisa. É preciso perceber que a equipa portuguesa precisava de poder de choque na área da Costa do Marfim, e Hugo Almeida é um jogador possante, alto e que consegue lidar com adversários deste calibre. Teria sido mais proveitoso para a equipa portuguesa que Hugo Almeida tivesse entrado no lugar do Rúben Amorim ou feito doutra forma, poderia o avançado ter entrado de início, para desgastar os centrais e depois entrar Liedson para que com a sua velocidade, pudesse causar muito mais estragos do que aqueles que causou. A Costa do Marfim revelou-se uma equipa bem organizada defensivamente e não houve arte suficiente para contrariar essa supremacia, sobretudo a nível físico. Fica a impressão que Queiroz apostou desde o início no empate, mostrando claramente pouca vontade de vencer a partida.

Portugal perde assim os dois primeiros pontos, logo no primeiro jogo. Agora, apenas interessa que o Brasil vença mais logo a Coreia do Norte e depois despache a Costa do Marfim por muitos, para que, e confiando que Portugal faz o que lhe compete frente aos coreanos na próxima segunda-feira às 12h30, o Brasil possa não se apresentar tão forte contra Portugal na última ronda, caso contrario, penso que não terá hipoteses de seguir em frente.

Uma palavra para o Ricardo Costa, que apesar de não ter jogado hoje, certamente ainda terá a sua oportunidade de representar Portugal e levar o nome do Concelho de Gaia ainda mais alto.

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