Entrevista com: Fernando Matos (Ex-Treinador do Oliveira do Douro)

Fernando Matos demitiu-se do comando técnico do Oliveira do Douro logo a seguir ao jogo com o Cesarense, que acabou com a derrota da equipa gaiense por 2-4. A equipa já tem treinador como já foi referido, mas ainda assim o ex-técnico oliveirense não se coibiu de explicar as razões que o levaram a sair do clube. Uma entrevista em exclusivo ao blog A Bola é Redonda.

A Bola é Redonda (ABR) - Antes de mais Fernando, dá-me a tua visão do jogo com o Cesarense. Que se passou? A equipa acusou a pressão de ter que ganhar?

Fernando Matos (FM) - Tudo foi bem preparado para este jogo, tal como para todos os outros, mas quando uma equipa sofre um golo aos 30 segundos num jogo como este tudo se tornou bastante complicado. O Cesarense consegui gerir essa vantagem e jogar com a pressão que esse golo nos trouxe. Ainda conseguimos reduzir para 2-1, mas um penalty complicou de vez aquilo que já estava a ser difícil.

Infelizmente na maioria dos jogos sofremos sempre um golo ainda nos primeiros 10 minutos, facto que condicionou a estratégia para cada jogo.

ABR - No final do jogo, puseste o teu lugar à disposição. Foi prontamente aceite pela direcção ou ainda te tentaram demover?

FM - No final do jogo não coloquei o lugar a disposição, mas sim demiti-me. Achei que após a terceira derrota consecutiva em casa não me restava outra alternativa. Não me sinto agarrado a lugar nenhum, e se as coisas não correm como queremos alguém tem que assumir as responsabilidades, por isso a minha demissão. Não ficar nos seis primeiros lugares também pesou na minha decisão, embora a direcção do clube nunca colocou essa meta, mas como gosto de desafios elevados, fui eu próprio que coloquei essa fasquia aos jogadores. Como não atingi seria incapaz de assobiar para o lado, daí a minha saída do clube. Tomei esta decisão a pensar no melhor para o clube e não para mim, pois acredito no meu valor e no meu trabalho.

ABR - A equipa fez uma segunda volta que pode ser considerada desastrosa. Apenas três vitórias em 11 partidas. O que se passou?

FM - A equipa trazia até à segunda jornada da segunda volta do campeonato rotinas de jogo bem definidas, no entanto, no mês de Janeiro perdemos alguns jogadores importantes como o Camarinha (castigado 5 jogos), Correia (lesionado nas últimas 6 semanas), e jogadores como Campota, Dani, Lucas e Ricardo também tiveram lesões que os impediram de dar o contributo à equipa. Para complicar ainda mais, alguns reforços não puderam jogar, uma vez que Buba não obteve o certificado internacional, enquanto que o Kazzem lesionou-se aos cinco minutos do primeiro treino que fez connosco e apenas recuperou a 100% para o ultimo jogo. Tudo isto obrigou, além da perda de rotinas já adquiridas, a constantes mudanças no onze. Não venho com isto justificar o insucesso, apenas dar algumas razões que prejudicaram a prestação da equipa.

ABR -  O que esperas agora que a equipa faça até ao final? Será que ai ser preciso esperar pela última jornada, à semelhança de anos anteriores, para se saber se o clube fica nesta divisão, ou achas que ainda há capacidade para fazer uma segunda fase mais tranquila?

FM - Não tenho a menor dúvida que o Oliveira do Douro vai conseguir a manutenção tranquilamente, embora com as dificuldades normais deste campeonato. E que ninguém duvide que esse será o meu maior desejo.

ABR - Queres deixar algum recado aos sócios e adeptos do Oliveira do Douro ou até mesmo à equipa?

FM - Sinceramente gostava que os adeptos do clube apoiassem os jogadores de forma incondicional, e não apenas quando estes estão a ganhar. Os jogos tem 90 minutos e quando jogamos em casa é suposto existir esse apoio.