26 de dezembro de 2010

Entrevista com: Jorge Gomes (Vila FC)

Jorge Gomes esteve em destaque no último jogo do Vila FC ao apontar cinco dos seis golos com que a formação gaiense derrotou os matosinhenses. Nesta entrevista, o jogador aborda toda a sua carreira até a actualidade, com passagens pela experiência nos Açores, na gravação do filme 'Star Crossed' e o que pretende para o futuro. Refere também que esta poderá ser a última época a jogar futebol e dá uma luz sobre os motivos que o levaram a deixar o Crestuma e afirma que o objectivo do Vila FC é subir de divisão. A não perder!



A Bola é Redonda (ABR) - Com que idade e em que clube começaste a jogar futebol?

Jorge Gomes (JG) - Comecei a jogar com 14 anos nos Dragões Sandinenses, onde fiz as camadas jovens. Fomos campeões de Juvenis conseguindo a subida aos nacionais. Até hoje a única equipa em Sandim a conseguir este feito.

ABR - Passaste por vários clubes gaienses até ao momento. Qual deles te marcou mais?

JG - Tive a oportunidade de jogar em vários clubes em Gaia e o facto de algum me ter marcado mais que outro não significa que seja melhor ou pior. Apenas os clubes tem épocas em que as coisas correm bem e outras onde correm menos bem. Todos eles me marcaram muito. A prova disso é que regressei sempre aos clubes onde já tinha jogado. Algumas vezes regressei mais que uma época após ter saído. Penso que não só significa que o clube significou muito para mim mas também o carinho que as pessoas tinham  comigo.
ABR - Dos treinadores com quem já trabalhaste, com qual foi que mais aprendeste?

JG - Tive o privilégio de durante todos estes anos  ter trabalhado com excelentes treinadores. Digo isto porque há 15 anos atrás a maioria deles não tinha a formação que tem agora, nem se trabalhava com a qualidade que se trabalha hoje. Trabalhava-se em quantidade e não em qualidade.  Aprendi muito com todos eles mas há alguns  que nunca deixarei de lembrar. O mister Zé Couto e o Neca, das camadas jovens. Quando somos jovens e nos tornamos mais homens devemos muito a quem contribui para isso. Não poderei deixar de de referir o mister Ulisses Morais, pela sua organização e forma de estar e ser. Para finalizar o mister Edmundo Duarte. Foi ele que me colocou a jogar com 17 anos na equipa principal quando na altura era ainda júnior.

ABR - Após vários anos a jogar em clubes do Continente, decidiste viajar até aos Açores, para representar o Marítimo da Graciosa em 2006/2007. Como surgiu essa hipótese?

JG - Tinha terminado a época no Fiães e os clubes já começavam a sentir algumas dificuldades económicas. Surgiu o convite para os Açores e após alguma hesitação aceitei.

ABR -  Nessa equipa, cruzaste-te com mais três jogadores, Barbosa, Granja e César Lopes, que acabaram por regressar ao Continente, mais concretamente a clubes de Gaia. O que correu mal?

JG - Foi uma experiência muito boa. Adaptei-me bem ao facto de estar fora da família e correu bem. Fui o melhor marcador do campeonato e apenas não conseguimos subir de divisão.

ABR - Nunca conseguiste ir além da 2ª B. O que pensas que faltou para atingires um patamar maior em termos de futebol?

JG - Para atingir outro patamar penso que só me faltou uma coisa. Ambição. Nunca devemos ter receio de tomar uma atitude com medo de falhar. Tive várias oportunidades e nunca aceitei. Apenas me culpo a mim por este facto.

ABR - Achas que os clubes das ligas profissionais deveriam estar mais atentos aos escalões mais secundários do nosso futebol em vez de apostar em estrangeiros, muitas vezes, de qualidade duvidosa?

JG - Este tema será sempre algo controverso. Os clubes estão atentos aos escalões secundários. Apenas tem que se ter muito valor para conseguir uma oportunidade. E mais importante que ser um fora de série e ter uma mentalidade e humildade fortes.

ABR - Em 2009 tiveste uma experiência no cinema, na realização do filme 'Star Crossed', gravado no Estádio do Dragão. Como surgiu essa possibilidade?

JG - Tive uma experiência fantástica na participação do filme. As gravações iam começar e faltava uma pessoa. Um amigo ligou-me, fui falar com o realizador e fiquei. Foram uns dias muito bons. Gravamos dois dias na Sé no Porto e 3 dias no Dragão, das 19 e 30h ás 9h da manha. Foi desgastante, pelo meio ainda tínhamos treinos e ensaios no Estádio Jorge Sampaio em pedroso. Conheci pessoas que até ali apenas via na TV. Com quem vivi mais de perto foi com o Diogo Morgado. As cenas de futebol gravávamos juntos. È uma pessoa de trato fácil. Bom companheiro, passamos bons momentos durante as gravações. Quem mais me fascinou foi o Andy. Era ele que coordenava as cenas do futebol. È ele que faz os anúncios da Nike. Uma pessoa fantástica.

ABR - Voltando ao futebol, foste jogador do Crestuma em 2009/2010, mas também desempenhaste as funções de treinador. Como se processou essa situação?

JG - Estava no Sousense e surgiu a hipótese de treinar o Crestuma. Era uma situação aliciante e tentadora. Um desafio. Aceitei o desafio e as coisas no inicio correram bastante bem. Infelizmente não estava preparado para viver com certas situações que ainda existem no futebol. O clube tem um director que por ajudar o clube a angariar verbas não lhe dá o direito de querer mandar no trabalho da equipa.  São este tipo de pessoas que andam a mais no futebol. Quando tentaram faltar com a dignidade já não havia motivos para continuar. Apesar disto guardo boas recordações do clube. Deixei lá amigos. Não devemos misturar as pessoas com a instituição.

ABR - O clube surgiu este ano, com um novo nome mas certamente com grandes ambições. Quais são os reais objectivos para esta época?

JG - Para esta época penso que só há um objectivo. A subida de divisão. Será com este pensamento que iremos entrar em campo.

ABR - No último jogo estiveste em destaque ao apontar cinco dos seis golos da vitória sobre 'Os Lusitanos'. Como viveste essa situação?

JG - Foi um dia fantástico. Foi um jogo quase perfeito. Marcar 5 golos num só jogo é um motivo de orgulho.

ABR - Foi a primeira vez que marcaste cinco golos num só jogo ou já tinha acontecido?

JG - Foi a primeira vez que consegui.

ABR - Tens 35 anos. Quanto tempo mais pensas jogar futebol?

JG - Muito sinceramente ainda não pensei a sério mas talvez seja esta a minha ultima época. Quero que as pessoas se lembrem de mim a jogar com alegria e a dar alegrias.

ABR - Fazendo um balanço da tua carreira, estas satisfeito com o que fizeste até agora enquanto jogador ou achas que faltou alguma coisa?

JG - Estou bastante satisfeito com o balanço da carreira. Representei grandes instituições onde conheci pessoas fantásticas, não só amigos mas directores e adeptos. Mais que qualquer troféu as amizades que ganhamos ao longo dos anos é sem duvida a maior vitória. Faltou jogar noutro patamar, pelos motivos referidos anteriormente.

ABR - Depois de deixares de jogar, vais continuar ligado ao futebol?

JG - Adorava continuar ligado ao futebol. Foi a minha vida e gostava de continuar no futebol. Para já ainda não pensei a fundo em que situação gostava de estar ligado uma vez que não tenho a certeza absoluta se será a ultima época mas a seu tempo tudo se resolverá.

ABR - A experiência de treinar o Crestuma abalou-te ou deixou vontade de fazer mais e melhor?

JG - Foi uma experiencia tão curta que nem deu para me abalar. Deu sim para entender que o futebol é um mundo mais complicado do que aquele que ás vezes sonhamos ou idealizamos.

ABR - Por último, deixa uma mensagem aos leitores do blog e aos adeptos e sócios do Vila FC.
 
JG - Aos leitores do blog queria deixar uma mensagem de boas festas. Aos Sócios , adeptos e simpatizantes do Vilanovense desejo boas festas e tudo de bom para 2011. Que seja um ano que nos traga muitas alegrias. Juntos seremos ainda mais fortes.

1 comentário:

Anónimo disse...

esqueceu de alem o gomes a melhor epoca dele foi no canelas esqueceu de alem enfim mais um ingrato....