Lobo, jogador que representava o Salgueiros 08, pôs um ponto final na sua carreira, de forma algo abrupta, na passada semana. O jogador, de uma forma bastante sentida, abordou a situação em exclusivo para o 'A Bola é Redonda'. Numa longa conversa, o agora ex-atleta, conta o porque do abandono e faz uma retrospectiva da sua carreira, agradecendo aos vários clubes por onde passou, por tudo o que lhe deram, mas deixando também algumas criticas a outros que não lhe deram o devido valor.
Lobo começou por explicar os motivos que o levaram a abandonar abruptamente a modalidade, sem sequer lhe permitir esperar pelo final da época: "O principal motivo para deixar agora o futebol, foi o facto de me terem sido diagnosticadas três hérnias. Foi o meu último hattrick", disse o jogador, que revela que até poderia ter jogado mais algum tempo, mas o seu profissionalismo não lhe permitia: "Poderia ter continuado a jogar mas não concebo o futebol a 50% e acho que para estarmos no futebol, temos de estar a 100%. O médico disse-me que a 100% não seria possível, a não ser que fosse operado, e como já não sou um jovem no futebol, resolvi terminar esta longa caminhada na melhor profissão do mundo".
Lobo inicia os agradecimentos precisamente pelo clube onde terminou e ao qual ficará ligado: "Tive o privilégio de ser profissional de futebol durante 20 anos, é uma paixão e só tenho de agradecer ao Salgueiros pela oportunidade de me deixar continuar ligado ao futebol, agora com outras funções é claro, pois vou ser observador, para na próxima época termos uma equipa que consiga fazer frente as aspirações deste clube. Este clube é muito diferente dos outros pelos quais passei, tem uma massa associativa espectacular, enchem os campos todos onde o Salgueiros joga. É daqueles clubes que faz mesmo falta á 1ª liga", referiu o avançado.
De seguida, o jogador falou do Vilanovense, agora Vila FC, a nível de futebol sénior: "O Vilanovense, um clube que servi durante seis anos e tive o privilégio de representar na 2ª divisão. Era o melhor clube de Gaia claramente, mas não conseguiu manter esse estatuto e sempre com muitas dificuldades foi mantendo o futebol. Até que o ano passado quiseram enveredar pelo fim do clube, o que nos entristeceu a todos", mas, ao contrário de muitos vilanovenses, Lobo elogiou o contributo que Jorge Marques deu ao clube: "Jorge Marques tudo tentou para o recuperar, inclusive encetou as negociações que viriam a dar ao clube a oportunidade de ter um campo de relva sintética, o que para estes clubes agora nas distritais, são sempre uma mais valia. Mas o clube não soube tirar proveito desta boa pessoa que passou por ele", dirigindo algumas críticas aos responsáveis actuais do emblema gaiense: "As mesmas pessoas que o deixaram de fora, foram as que não souberam retribuir todos os anos que lutei pelo clube. Treinava os infantis e nem uma palavra me deram no final da época, pelo simples facto de o clube ter terminado o futebol sénior e eu ter ido para o Oliveira do Douro. No ano seguinte até aceitei o facto de estar noutro clube e não treinar os jovens do Vilanovense, agora, sem uma palavra e ainda com dívidas á minha pessoa, é que foi uma situação que me entristeceu bastante. Acho que merecia um pouco mais daquelas pessoas", personalizando as críticas: "Sempre fui muito acarinhado por toda a gente no clube, a não ser esta actual direcção. Continuo com bons relacionamentos com a direcção, aliás, o Manuel Carvalho, o Sousa Pinto, o próprio Rogério Santos, são pessoas pelas quais tenho respeito e consideração, mas foram estes senhores que me deviam ter dado uma palavra no final da época e nem um telefonema me fizeram. É lógico que não confundo o clube com a atitude das pessoas", disse Lobo, que ainda relativamente ao Vilanovense, relembra os Villa Boys: "Levo na lembrança uma claque que alguns clubes da 1ª divisão se orgulhariam de ter: os VILLA-BOYS. Incansáveis no apoio ao Vilanovense, fizesse sol ou fizesse chuva, ganhasse ou perdesse, tivesse em primeiro ou em último, sabíamos que estavam ali, sempre a apoiar-nos. Ainda me emociono ao falar deles. É uma das boas recordações que levo do futebol. Uma massa associativa sempre muito presente".
Lobo não esquece o Oliveira do Douro, outro clube gaiense que o jogador representou: "O Oliveira do Douro, clube que passa neste momento por dias difíceis, mas que tenho a certeza, vai melhorar, pois conheço as pessoas que tomaram o leme do clube, e não são pessoas de deitar a toalha ao chão. São capazes de ultrapassar os obstáculos que se lhes vão deparando". O goleador deixa também uma palavra de apreço para um treinador: Edmundo Duarte: "Edmundo Duarte, que faz o favor de ser meu amigo pessoal e de quem guardo também excelentes recordações, não só como treinador, mas também como homem e com um H muito grande".
Lobo, apesar dos 41 anos, sempre teve apetência pelo golo. Pelos clubes por onde passou, sempre deixou a sua marca. Há duas temporadas atrás, foi o melhor marcador do Vilanovense, quando a equipa disputou pela última vez o campeonato da 1ª Distrital e na última época, ao serviço do Oliveira do Douro, na 3ª Nacional, ao apontar 20 golos. Essas marcas valeram-lhe já dois prémios atribuídos pelo jornal 'O Gaiense', sendo que o segundo será entregue em gala ainda a realizar. Lobo salienta esse facto com orgulho: "Acho que saio pela porta grande, ao culminar a minha carreira com o troféu de melhor marcador da 3ªdivisão, troféu esse que o jornal O Gaiense me vai oferecer, numa gala que se tornou muito mais que uma gala local, para ser uma gala a nível nacional. Tudo fruto dos 20 golos que marquei ao serviço do Oliveira do Douro. É a segunda vez consecutiva que recebo este troféu do jornal O Gaiense. Já tinha recebido ao serviço do Vilanovense", disse.
Em jeito de despedida, Lobo deixou uma mensagem a todos aqueles que com ele se cruzaram neste mundo do futebol: "Deixo um abraço a todos os amigos que fiz nesta profissão e a todos os jovens que decidam enveredar por ela, umas últimas palavras: Acreditem sempre no vosso sonho. Podem até não chegar ao mediatismo desses jogadores das selecções, mas acreditem, vão sentir-se realizados. E é das melhores coisas que podemos ter, poder ganhar a nossa vida com o futebol, o que nós mais gostamos de fazer na vida. Mas há que tentar estar sempre paralelamente precavido para o futuro, porque nem tudo é um mar de rosas, mas tentem, tentem ser felizes".
Lobo pôs assim um ponto final numa longa carreira, sendo que o avançado conta já com 41 primaveras, mas ainda com muito para dar. No seu currículo ficam marcados clubes como o Moreirense, Esmoriz, Gondomar, Sanjoanense, UD Oliveirense, Marco, Ribeirão e Ovarense, que representou na Liga de Honra, escalão mais alto onde jogou, entre outros clubes, e, claro, os gaienses Oliveira do Douro e Vilanovense.
O blog 'A Bola é Redonda' quer, desde já, endereçar as maiores felicidades ao, sobretudo amigo, Lobo nas suas novas funções e que possa transmitir aos jovens que certamente irá descobrir com imenso valor para jogarem futebol, tudo aquilo que ele aprendeu em mais de 20 anos de futebol.
3 comentários:
tenho o privilegio de ser amigo do Lobo e quero aproveitar para lhe desejar as maiores felicidades e um obrigado pela sua carreira que devera ser sem duvida uma inspiraçao. abraço
Lourenço
Vou sentir saudades deste grande matador!!!!
Grande LOBO.
Abraço
Joguei com ele na 2ªliga na Ovarense,esteve a 1 passo de ir para o Campomaiorense na 1ªliga,os dirigentes da Ovarense não o deixaram sair porque ele era um simbolo no clube,foi um simbolo no Vilanovense,foi um simbolo no Oliveira do Douro,isto reflecte o jogador que foi e o homem que é.Pena ter deixado o futebol,já estavamos habituados aos golos dele.Abraço amigo grande Lobo.
Juancho
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