13 de janeiro de 2011

Lobo - "Foi o meu último hattrick"

Lobo, jogador que representava o Salgueiros 08, pôs um ponto final na sua carreira, de forma algo abrupta, na passada semana. O jogador, de uma forma bastante sentida, abordou a situação em exclusivo para o 'A Bola é Redonda'. Numa longa conversa, o agora ex-atleta, conta o porque do abandono e faz uma retrospectiva da sua carreira, agradecendo aos vários clubes por onde passou, por tudo o que lhe deram, mas deixando também algumas criticas a outros que não lhe deram o devido valor.
Lobo começou por explicar os motivos que o levaram a abandonar abruptamente a modalidade, sem sequer lhe permitir esperar pelo final da época: "O principal motivo para deixar agora o futebol, foi o facto de me terem sido diagnosticadas três hérnias. Foi o meu último hattrick", disse o jogador, que revela que até poderia ter jogado mais algum tempo, mas o seu profissionalismo não lhe permitia: "Poderia ter continuado a jogar mas não concebo o futebol a 50% e acho que para estarmos no futebol, temos de estar a 100%. O médico disse-me que a 100% não seria possível, a não ser que fosse operado, e como já não sou um jovem no futebol, resolvi terminar esta longa caminhada na melhor profissão do mundo".
Lobo inicia os agradecimentos precisamente pelo clube onde terminou e ao qual ficará ligado: "Tive o privilégio de ser profissional de futebol durante 20 anos, é uma paixão e só tenho de agradecer ao Salgueiros pela oportunidade de me deixar continuar ligado ao futebol, agora com outras funções é claro, pois vou ser observador, para na próxima época termos uma equipa que consiga fazer frente as aspirações deste clube. Este clube é muito diferente dos outros pelos quais passei, tem uma massa associativa espectacular, enchem os campos todos onde o Salgueiros joga. É daqueles clubes que faz mesmo falta á 1ª liga", referiu o avançado.
De seguida, o jogador falou do Vilanovense, agora Vila FC, a nível de futebol sénior: "O Vilanovense, um clube que servi durante seis anos e tive o privilégio de representar na 2ª divisão. Era o melhor clube de Gaia claramente, mas não conseguiu manter esse estatuto e sempre com muitas dificuldades foi mantendo o futebol. Até que o ano passado quiseram enveredar pelo fim do clube, o que nos entristeceu a todos", mas, ao contrário de muitos vilanovenses, Lobo elogiou o contributo que Jorge Marques deu ao clube: "Jorge Marques tudo tentou para o recuperar, inclusive encetou as negociações que viriam a dar ao clube a oportunidade de ter um campo de relva sintética, o que para estes clubes agora nas distritais, são sempre uma mais valia. Mas o clube não soube tirar proveito desta boa pessoa que passou por ele", dirigindo algumas críticas aos responsáveis actuais do emblema gaiense: "As mesmas pessoas que o deixaram de fora, foram as que não souberam retribuir todos os anos que lutei pelo clube. Treinava os infantis e nem uma palavra me deram no final da época, pelo simples facto de o clube ter terminado o futebol sénior e eu ter ido para o Oliveira do Douro. No ano seguinte até aceitei o facto de estar noutro clube e não treinar os jovens do Vilanovense, agora, sem uma palavra e ainda com dívidas á minha pessoa, é que foi uma situação que me entristeceu bastante. Acho que merecia um pouco mais daquelas pessoas", personalizando as críticas: "Sempre fui muito acarinhado por toda a gente no clube, a não ser esta actual direcção. Continuo com bons relacionamentos com a direcção, aliás, o Manuel Carvalho, o Sousa Pinto, o próprio Rogério Santos, são pessoas pelas quais tenho respeito e consideração, mas foram estes senhores que me deviam ter dado uma palavra no final da época e nem um telefonema me fizeram. É lógico que não confundo o clube com a atitude das pessoas", disse Lobo, que ainda relativamente ao Vilanovense, relembra os Villa Boys: "Levo na lembrança uma claque que alguns clubes da 1ª divisão se orgulhariam de ter: os VILLA-BOYS. Incansáveis no apoio ao Vilanovense, fizesse sol ou fizesse chuva, ganhasse ou perdesse, tivesse em primeiro ou em último, sabíamos que estavam ali, sempre a apoiar-nos. Ainda me emociono ao falar deles. É uma das boas recordações que levo do futebol. Uma massa associativa sempre muito presente".
Lobo não esquece o Oliveira do Douro, outro clube gaiense que o jogador representou: "O Oliveira do Douro, clube que passa neste momento por dias difíceis, mas que tenho a certeza, vai melhorar, pois conheço as pessoas que tomaram o leme do clube, e não são pessoas de deitar a toalha ao chão. São capazes de ultrapassar os obstáculos que se lhes vão deparando". O goleador deixa também uma palavra de apreço para um treinador: Edmundo Duarte: "Edmundo Duarte, que faz o favor de ser meu amigo pessoal e de quem guardo também excelentes recordações, não só como treinador, mas também como homem e com um H muito grande".
Lobo, apesar dos 41 anos, sempre teve apetência pelo golo. Pelos clubes por onde passou, sempre deixou a sua marca. Há duas temporadas atrás, foi o melhor marcador do Vilanovense, quando a equipa disputou pela última vez o campeonato da 1ª Distrital e na última época, ao serviço do Oliveira do Douro, na 3ª Nacional, ao apontar 20 golos. Essas marcas valeram-lhe já dois prémios atribuídos pelo jornal 'O Gaiense', sendo que o segundo será entregue em gala ainda a realizar. Lobo salienta esse facto com orgulho: "Acho que saio pela porta grande, ao culminar a minha carreira com o troféu de melhor marcador da 3ªdivisão, troféu esse que o jornal O Gaiense me vai oferecer, numa gala que se tornou muito mais que uma gala local, para ser uma gala a nível nacional. Tudo fruto dos 20 golos que marquei ao serviço do Oliveira do Douro. É a segunda vez consecutiva que recebo este troféu do jornal O Gaiense. Já tinha recebido ao serviço do Vilanovense", disse.
Em jeito de despedida, Lobo deixou uma mensagem a todos aqueles que com ele se cruzaram neste mundo do futebol: "Deixo um abraço a todos os amigos que fiz nesta profissão e a todos os jovens que decidam enveredar por ela, umas últimas palavras: Acreditem sempre no vosso sonho. Podem até não chegar ao mediatismo desses jogadores das selecções, mas acreditem, vão sentir-se realizados. E é das melhores coisas que podemos ter, poder ganhar a nossa vida com o futebol, o que nós mais gostamos de fazer na vida. Mas há que tentar estar sempre paralelamente precavido para o futuro, porque nem tudo é um mar de rosas, mas tentem, tentem ser felizes".
Lobo pôs assim um ponto final numa longa carreira, sendo que o avançado conta já com 41 primaveras, mas ainda com muito para dar. No seu currículo ficam marcados clubes como o Moreirense, Esmoriz, Gondomar, Sanjoanense, UD Oliveirense, Marco, Ribeirão e Ovarense, que representou na Liga de Honra, escalão mais alto onde jogou, entre outros clubes, e, claro, os gaienses Oliveira do Douro e Vilanovense.
O blog 'A Bola é Redonda' quer, desde já, endereçar as maiores felicidades ao, sobretudo amigo, Lobo nas suas novas funções e que possa transmitir aos jovens que certamente irá descobrir com imenso valor para jogarem futebol, tudo aquilo que ele aprendeu em mais de 20 anos de futebol.

3 comentários:

Anónimo disse...

tenho o privilegio de ser amigo do Lobo e quero aproveitar para lhe desejar as maiores felicidades e um obrigado pela sua carreira que devera ser sem duvida uma inspiraçao. abraço

Lourenço

Anónimo disse...

Vou sentir saudades deste grande matador!!!!

Grande LOBO.

Abraço

Anónimo disse...

Joguei com ele na 2ªliga na Ovarense,esteve a 1 passo de ir para o Campomaiorense na 1ªliga,os dirigentes da Ovarense não o deixaram sair porque ele era um simbolo no clube,foi um simbolo no Vilanovense,foi um simbolo no Oliveira do Douro,isto reflecte o jogador que foi e o homem que é.Pena ter deixado o futebol,já estavamos habituados aos golos dele.Abraço amigo grande Lobo.
Juancho